O Auto da Compadecida em mini-temporada

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O maior clássico da comédia produzida pelo teatro brasileiro no século 20 está de volta ao palco para duas apresentações em Curitiba. O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, foi uma das montagens paranaenses escolhidas para fazer parte da programação local do Circuito Cultural Banco do Brasil. As sessões serão hoje e amanhã, no Guairinha. Na próxima semana, será a vez de duas novas sessões de Pico na Veia, com texto de Dalton Trevisan, no mesmo teatro.

A montagem curitibana do texto de Suassuna é dirigida por Marino Júnior, ator da Companhia Máscaras de Teatro, de João Luiz Fiani. Ele também interpreta o papel principal, de João Grilo, um sertanejo esperto que passa pela vida se livrando da miséria com pequenos golpes aplicados nos homens ricos do sertão. A peça conta a história de como ele e o amigo Chicó enrolam todo mundo para conseguir vida um pouco melhor, até que João Grilo morre baleado por um cangaceiro. No seu julgamento, Nossa Senhora intercede por ele, que acaba ganhando o direito de voltar à Terra para uma nova chance.Truques

Boa parte do efeito cômico se baseia nos truques que os dois sertanejos usam para sobreviver. Vendem um gato dizendo que ele "descome" sem efeito. Arranjam um jeito de ganhar uns trocados convencendo o padre a enterrar uma cadela. Nesse caso, com a desculpa de que a religião não proíbe o enterro – além de tudo, arranjam um argumento mais forte, dizendo que a cachorrinha deixou no seu testamento uma polpuda soma em dinheiro para o padre que enterrasse seu corpo.

Marino conta que a montagem, que já foi apresentada no começo do ano no Teatro Lala Schneider, foi baseada na experiência que ele teve estudando Commedia Dell’Arte. "Passei alguns meses na Itália estudando o assunto e é impressionante como o Ariano Suassuna escreve personagens semelhantes aos da Commedia Dell’Arte", afirma. Segundo ele, Chicó e João Grilo lembram os servos da comédia italiana. O cangaceiro lembra o personagem do capitão e assim por diante.

A diferença da versão que sobe ao palco hoje para a primeira montagem, no começo do ano, é que alguns atores amadores, da escola ligada ao Lala Schneider, foram substituídos por profissionais. "Também tivemos de fazer adaptações porque o Guairinha é muito maior do que o nosso palco", conta o diretor.

Serviço: O Auto da Compadecida. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3315-0979. Texto de Ariano Suassuna. Direção de Marino Jr. Com Marino Jr., Joel Vieira e Nane Narineski. Dias 29 e 30, às 19 horas. R$ 15 e R$ 7,50 (idosos, estudantes, com doação de dois quilos de alimento não-perecível e clientes do Banco do Brasil).