• Carregando...
Adriana Varejão, expoente da geração 1980, trabalhou pela primeira vez com videoinstalações | Humberto Souza/Divulgação
Adriana Varejão, expoente da geração 1980, trabalhou pela primeira vez com videoinstalações| Foto: Humberto Souza/Divulgação

Exposições

Transbarroco, de Adriana Varejão; Em Torno da Luz, de Niura Bellavinha; Anatomia da Luz, de Albano Afonso e Caderno, de Gabriela Machado

Oi Futuro Flamengo (R. 2 de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro) (21) 3131-3060. Visitação de terça-feira a domingo, das 11h às 20 horas. Entrada gratuita. Até 26 de outubro.

A artista plástica carioca Adriana Varejão topou conversar com os jornalistas que cobriam a abertura da sua exposição –Transbarroco – na última segunda-feira, 18, no Rio de Janeiro, desde que eles se sentassem com ela no chão de uma das salas do Oi Futuro Flamengo, para absorver ao máximo quatro videoinstalações que integram a mostra. É o primeiro trabalho em vídeo de Adriana, e, muito provavelmente, o último. Enfática, disse: "prefiro pintar. No vídeo, não tem muita margem de erro. Na pintura, você pode transgredir, improvisar. Fora que não tem equipe ou roteiro."

Mesmo em diferente suporte, o tema principal que norteia a carreira da artista desde o início (nos anos 1980), o barroco, continua presente. Os vídeos são formados por imagens de quatro igrejas brasileiras do período: Igreja de São Francisco, em Salvador (BA); Ordem Terceira de São Francisco, no Rio de Janeiro; Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG); e a Sé de Mariana, em Mariana (MG).

As quatro "telas" trazem situações diferentes: o ouro do barroco, os azulejos azuis (presentes também em um grande painel feito pela artista, logo na entrada do prédio), e também o vermelho de inspiração chinesa, presente na igreja baiana. Mas Adriana também surpreende: na obra que mostra a Ordem Terceira de São Francisco, do Rio, o espectador se depara, de repente, com um corte da imagem, que sai da escuridão e da calmaria do espaço direto para a paisagem urbana da capital carioca, repleta de carros e buzinas. "O barroco lida muito com os contrapontos", reflete Adriana, sobre a mudança brusca na instalação.

O curador de Artes Visuais do Oi Futuro e também da exposição de Adriana, Alberto Saraiva, analisa que Transbarroco apresenta algo que "atravessa o barroco". "Ele [o estilo] não está só nas igrejas, mas se projeta em nós. O Brasil é mestiço, e Adriana trabalha isso."

Essa miscigenação está presente na trilha sonora (a cargo de Berna Ceppas), mas também escolhida pela artista, que fez questão de incluir os sambas de Wilson Batista, além da declamação do escritor angolano José Eduardo Agualusa (Adriana é fã do autor), de um trecho da obra Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. O batuque do Olodum, o som do órgão em Mariana, além de barulhos de sinos, crianças brincado e vozes dos guias das igrejas se misturam nos vídeos.

Internacional

Adriana Varejão é uma das artistas brasileiras mais valorizadas no mercado de arte internacional. Expõe de forma recorrente fora do país – já esteve em Bienais como as de Istambul (2011), expôs no conceituado MoMA, de Nova York, e no Malba, em Buenos Aires. Em novembro desse ano, realizará uma mostra individual no The Institute of Contemporary Art, em Boston, e, em breve, uma parede sua com azulejos deve integrar o Museu de Arte do Rio (MAR).

Outros artistas brasileiros ocupam o espaço

Além de Transbarroco, de Adriana Varejão, mais três artistas brasileiros expõem obras no Oi Futuro Flamengo, no Rio de Ja­­­neiro. E começa na parte externa: um grande painel da pintora catarinense Gabriela Machado toma a fachada do prédio. O desenho – uma singela flor – faz parte do caderno de viagens da artista. "É um desenho mais doce, quis conversar com que está no entorno", diz.

A mineira Niura Bella­­vinha projeta em uma das salas o média-metragem Nhá Nhá, que aborda o tempo na pintura. Rodado no interior do Brasil, o filme traz a imagem estática de uma casa, e o movimento não se dá pelas câmeras, e sim pela modificação do vento e da natureza.

Ela também trouxe um plano afetivo para a mostra: na linha do tempo que explica a trajetória da artista, há uma vitrine que traz pedaços da pintura de sua casa na infância, guardados por ela há muitos anos. Todos os fragmentos das paredes estavam nomeados, com letra de criança: o próprio quarto, a sala, a cozinha, e todos os outros cômodos. "Tive a felicidade de encontrar esse envelope", conta.

Imersão

O paulista Albano Afon­­­so propôs uma instalação de luzes feita especificamente para essa temporada de novas exposições no espaço. O projeto foi pensado desde 2013, e ele se dedicou integralmente para o trabalho nos últimos três meses. "É uma obra que ‘participa’ nas pessoas", diz o artista, referindo-se às luzes que tomam o corpo dos visitantes. "É uma explosão de luz que remete ao cosmos", explica.

A jornalista viajou a convite da Oi.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]