Um ator não é capaz de salvar -- nem de afundar -- um filme sozinho. Nem dois atores. Por isso, não se deve jogar pedras em Brian Cox ("RED - Aposentados e Perigosos") e Paul Dano ("Sangue Negro") por serem incapazes de fugir do maneirismo, da ingenuidade e do final absurdamente tolo de "O Bom Coração", drama escrito e dirigido pelo francês Dagur Kári.
No longa, Cox é Jacques, dono de um bar em Nova York que sofre seu enésimo ataque do coração. No hospital, conhece o suicida sem-teto Lucas (Dano).
Os dois ficam amigos, mas tão, tão, tão amigos, que duas cenas depois, ele começa a preparar o garoto para herdar o seu estabelecimento, um lugar que sobrevive da meia dúzia de fregueses fiéis, não serve estranhos, não aceita mulheres em suas dependências e importa café da América Central.
Lucas é um sujeito estranho que literalmente se deixa levar pelo fluxo dos acontecimentos e é incapaz de agir e pensar por conta própria. É a ingenuidade em pessoa. Ele conhece a comissária de bordo April (Isild Le Besco), que entra no bar depois de ser mandada embora por ter medo de voar. Dias depois, os dois se casam.
Os personagens que são os fregueses costumeiros do estabelecimento formam uma galeria de tipos. Mas o diretor não parece interessado em se aprofundar em seus dramas humanos e cria apenas caricaturas, como o beberrão, o solitário... Há também um pato, que terá um papel decisivo na história.
Kári combina em "O bom coração" uma visão ingênua com cafonice, numa fotografia em cores pálidas e tons de cinza e verde. O resultado é um filme em que bons atores são desperdiçados com personagens mal resolvidos e pouco reais. O diretor busca um humanismo no interior de cada um deles, mas o que encontra é apenas a caricatura de seres humanos - assim como este é uma caricatura do que poderia ter sido um bom filme.
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