Programe-se
Juliette Convida Bruno Barreto
Caixa Cultural Curitiba (R. Conselheiro Laurindo, 280 Centro), (41) 2118-5111. Hoje, às 20 horas. Entrada franca. Os ingressos serão distribuídos na bilheteria do teatro a partir das 19 horas. Classificação indicativa: 14 anos. Lotação: 125 lugares (2 para cadeirantes).
Há quase um mês em cartaz no país, o longa-metragem Flores Raras já levou em torno de 200 mil espectadores aos cinemas e, segundo expectativas do cineasta carioca Bruno Barreto, deve ultrapassar a marca de 300 mil. O número, contudo, poderia ser bem maior, afirma o diretor. "Pelo menos o dobro." Isso se o filme, que conta a intensa história de amor entre a poeta norte-americana Elizabeth Bishop (1911-1979) e a arquiteta e paisagista brasileira Lota de Macedo Soares (1910-1967) no Brasil dos anos 1950 e 1960, tivesse mais cópias em exibição, atingindo assim um circuito de salas mais amplo.
Barreto participa hoje à noite, no Teatro da Caixa, da quarta edição do Juliette Convida, evento no qual deve falar sobre sua obra, métodos de trabalho, além de exibir o making of de Flores Raras, longa-metragem que deve mobilizar boa parte da discussão.
Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida ontem por telefone do Rio de Janeiro, Barreto disse que embora Flores Raras seja um filme histórico, acerca de um universo mais intelectualizado, ligado às artes, à literatura, sua abordagem é acessível e nada hermética ou elitizada. "Um taxista outro dia me disse que tinha visto o filme e gostado muito. Havia ido ao cinema por pressão da mulher (risos)."
Mas Flores Raras, que teve cem cópias distribuídas, em um lançamento de médio senão pequeno porte para os padrões do cinema brasileiro de viés mais comercial atualmente, enfrentou a resistência de exibidores. Alguns, diz Barreto, acreditavam que o filme não tinha apelo comercial, apesar de trazer a estrela Gloria Pires no papel de Lota.
A temática da homossexualidade, embora não tenha sido citada explicitamente pelos exibidores que consideraram o longa de pouco apelo comercial, pode ter desempenhado papel significativo em sua performance nas bilheterias. "O Brasil ainda é um país bastante conservador."
Barreto contou que em Petrópolis, região onde Lota e Elizabeth, interpretada pela atriz australiana Miranda Otto, viveram e cenas de Flores Raras foram rodadas, o filme nem entrou em cartaz. "O cinema [local] disse que a cópia nunca chegou, mas sabemos que isso não é verdade."
Diretor de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), um dos maiores sucessos do cinema brasileiro, e de O Que É Isso, Companheiro? (1997), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, Barreto prepara-se para lançar, no fim de outubro, Flores Raras nos Estados Unidos. O longa vai entrar em cartaz em Nova York, no cinema de arte The Paris, em Manhattan, onde Dona Flor foi exibido nos anos 1970.
A ideia é que a produção ganhe visibilidade para tentar uma vaga entre os candidatos ao prêmio da Academia como boa parte dos diálogos é em inglês, está fora da disputa de filme estrangeiro, mas tem chances de entrar no páreo em outras categorias, como melhor atriz.
Em novembro, de volta ao Brasil, Barreto lança a comédia Crô O Filme, que traz Marcelo Serrado no papel do mordomo que roubou a cena na novela Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, que assina o roteiro do longa. "Fui eu mesmo que sugeri que o personagem rendia um filme. Eu vi nele uma espécie de Jerry Lewis brasileiro."
A produção, que terá mais de 400 cópias em exibição, traz o ator curitibano Alexandro Nero de volta ao papel do motorista Baltazar, objeto de desejo do protagonista. "Ele é um ótimo ator", elogiou Barreto.
Entre os projetos do cineasta está o de adaptar, até 2015, o livro My Last Chance to Be a Boy, sobre a viagem que o marechal Cândido Rondon (1865-1958) e o ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt (1858-1919) fizeram descendo o Rio da Dúvida (que deverá ser o título do filme), em Mato Grosso, entre 1913 e 1914.