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São Paulo (Folhapress) – Comédia. Esta parece ser a palavra que resume o trabalho teatral de Marcos Caruso e Jandira Martini, parceria autoral de mais de 20 anos que já rendeu textos consagrados como Porca Miséria. "O Brasil precisa assumir que não é um país sério. Precisamos parar de fingir que somos a Bélgica", afirma Caruso.

Após passar seis anos em cartaz, entre 1993 e 1999, Porca Miséria acaba de ser transformada em livro, com mais duas comédias da dupla: Quem Matou Amèlie de Port-Salut? e Sua Excelência, o Candidato, primeiro texto de humor a ser agraciado com um prêmio Molière, em 1986.

O livro Comédias de Marcos Caruso e Jandira Martini (Panda Books, R$ 39,90; 384 págs.) chega às livrarias para celebrar a emblemática parceria. "Eu e Jandira somos muito diferentes, mas temos o mesmo tipo de humor e a mesma visão política", diz Caruso.

Além de ficar seis anos em cartaz, Porca Miséria – retrato bem-humorado de uma família de imigrantes italianos da Bela Vista – recebeu os prêmios Shell, Mambembe e da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhores autores. "Uma parceria funciona quando não é imposta. Se a parceria vem de uma ligação natural, forma-se uma unidade", diz o autor. Os dois se conheceram nos anos 80 e, além de textos para teatro, escreveram roteiros para cinema, como O Casamento de Romeu e Julieta, dirigido por Bruno Barreto.

A dupla se vê mergulhada em projetos para 2006. "Estamos preparando uma bomba", afirma Caruso. Segundo Jandira, a comédia em gestação vai se chamar Operação Abafa e deve abordar uma discussão sobre a ética: "Queremos investigar até que ponto as pessoas são capazes de se vender".

Os costumes sociais e a realidade política do país sempre foram os alvos da dupla de comediantes. "Sua Excelência, o Candidato surgiu num momento de abertura política, em que, pela primeira vez, era possível falar as coisas abertamente", afirma Caruso.

Segundo os autores, é preciso trabalhar para que a comédia deixe de ser vista como um gênero menor. "Existe um desprezo pela comédia que se manifesta claramente por parte da intelectualidade e da crítica", diz Jandira, "É muito mais difícil ver atores e diretores de comédia sendo premiados." Para Caruso, faz falta ao Brasil a valorização de seus comediantes: "Veja a importância que a França dá a Molière e que a Itália dá a Goldoni", reclama.

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