“Trinta anos atrás a gente estava aqui acreditando num país melhor. Rock in Rio, o Brasil pode dar certo.” A frase do baterista João Barone, quase ao final da apresentação dos Paralamas do Sucesso na noite deste domingo (20), no palco Mundo, amarrou com louvor o tom político que perpassou boa parte do curto, mas poderoso show do trio.
Assim como em 1985, quando os então novatos Paralamas fizeram uma apresentação histórica em um momento chave do país – um dia depois da eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência – , a banda mostrou nesta edição do festival que, em seus mais de 30 anos de estrada, construiu uma carreira coerente com seus ideais, cheia de canções de forte teor político.
Exemplo disso foi a sequência de “O Calibre”, uma música do século 21, com “Inútil”, do Ultraje a Rigor -canção que a banda também tocou em seu show no primeiro festival. Afiado como sempre, o trio dividiu bem o repertório, alternando dobradinhas mais animadas, como a de “Cinema Mudo” e “Ska”, com as de baladas tipo “Cuide Bem do seu Amor” e “Aonde Quer que Eu Vá”, bem recebidas pelos inúmeros casais que formavam a audiência.
Saudaram também suas influências, como o Police (com citação de “Every Breath You Take”) e Tim Maia (“Você”/”Gostava Tanto de Você”), e amigos de geração como o Ultraje a Rigor e a Legião Urbana. No encerramento, a ainda atual “Alagados” ganhou citação de “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas. Com 20 hits em pouco mais de uma hora de show, Herbert, Bi e Barone mostram porque continuam relevantes como poucos de seus contemporâneos. Depois da frase de Barone comparando o momento atual do país com o de 1985, o trio encerrou com “Que País É Este?”, da Legião, cantada em coro pelo público.
Repertório
“Vital e sua Moto”
“Inútil”
“O Calibre”
“Cinema Mudo”
“Ska”
“Cuide Bem do Seu Amor”
“Aonde Quer que Eu Vá”
“Lanterna dos Afogados”
“Meu Erro”
“Óculos”
“Você”/”Gostava Tanto de Você”
“A Novidade”
“Melô do Marinheiro”
“O Beco”
“Caleidoscópio”
“Uma Brasileira”
“Loirinha Bombril”
“Alagados”
“Que País É Este?”
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