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Geni é sem dúvida a personagem mais forte, e emblemática, da peça Toda Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues que será apresentada amanhã e sábado no Guaíra, no projeto Centro Cultural Banco do Brasil Itinerante.
É uma prostituta passional, a quem o viúvo Herculano, investido de todo o puritanismo de sua semi-virgindade, chama de "mictório público", sem dó. Mas que o fará em pouco tempo despertar-se para a sexualidade ardorosamente, comprovando a máxima rodrigueana de que "o casto é um obsceno".
Pela ótica da moça de vida difícil, a tragédia tem sido representada sobre os palcos nacionais. Paulo de Moraes, diretor do grupo Armazém, participou como ator de uma dessas montagens. Comandada em 1985 pelo diretor londrinense José Antônio Teodoro (morto prematuramente dois anos mais tarde, aos 34), a encenação fez sucesso, foi apresentada em Nova York, mas em um aspecto não condizia com o que Moraes esperava.
O diretor do Armazém nutria uma visão pessoal sobre a trama, que já começa pelo fim com a revelação do suicídio de Geni por uma fita que ela deixou gravada para Herculano. "Para mim, essa história se passa toda na cabeça do Herculano. É uma peça de memória", diz Moraes.
Toda Nudez..., feita à sua maneira, estreou em 2005, cumpriu temporadas longas no Rio de Janeiro e em São Paulo, e ganhou o Prêmio Shell de melhor direção e iluminação, mas nunca foi apresentada em curitiba.
A abordagem do diretor escapa do realismo. Toma contornos expressionistas, uma vez que a história é filtrada pela mente de Herculano.
Criativo cenógrafo que é, Moraes montou uma estrutura vertical de acrílico e ferro. Portas e paredes que se abrem e giram, como se fossem os compartimentos da cabeça do protagonista.
Num primeiro momento, o viúvo chega a jurar que nunca mais tocará em uma mulher, a pedido do filho (este, mais puritano ainda, preferiria não ter nascido para que a mãe continuasse virgem). A partir de seu encontro com Geni, porém, o sexo é potencializado na sua mente e em cena. Herculano, dominado pela libido, chega a enxergar o médico (representante da ciência, profana) e o padre (o sagrado) como duas mulheres semidespidas.
Anjos
A passagem mais recente do Armazém por Curitiba aconteceu em março, quando o grupo apresentou, na Reitoria, Inveja dos Anjos um dos melhores espetáculos presentes na última edição do Festival de Curitiba. A peça premiada ficou seis meses em cartaz no Rio de Janeiro, cidade-sede do grupo desde que deixou Londrina, há 15 anos. E tem viajado a outras capitais.
Nos intervalos, o Armazém, como de costume, aproveita para resgatar outras obras de seu repertório. Ultimamente, as escolhidas são Esperando Godot, Pessoas Invisíveis e Toda Nudez..., que já esteve em Belém, Fortaleza e Belo Horizonte pelo CCBB Itinerante.
A prática de revisitar o passado abre aos atores da companhia a possibilidade de amadurecer a interpretação. Patrícia Selonk, intérprete de Geni não raro, apontada como uma das melhores atrizes em atividade no país , diz que o tempo lhe permiteu acrescentar novas nuances à personagem.
"Depois da Geni, fiz a Cecília de Inveja dos Anjos, que me deu outros recursos. Quando volto à Geni, até a questão da sexualidade fica diferente, encontro outras possibilidades de me expressar", diz a atriz, que nunca antes havia se confrontado com um papel que exigisse tal apelo sexual. Desde então, encara o desafio de viver a prostituta, sem esquecer que, mais do que um estereótipo, interpreta uma mulher.
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