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A pesquisadora Clarissa Grassi no seu ambiente de pesquisa: estudo sobre o São Francisco de Paula já dura 11 anos | Antônio More/Gazeta do Povo
A pesquisadora Clarissa Grassi no seu ambiente de pesquisa: estudo sobre o São Francisco de Paula já dura 11 anos| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Serviço

Lançamento do Guia de Visitação ao Cemitério São Francisco de Paula

Caixa Cultural (R. Cons. Laurindo, 280 – Centro), (41) 2118-5001. Hoje, às 19h30, com palestra da autora Clarissa Grassi. Entrada franca (os ingressos devem ser retirados com meia hora de antecedência). O livro custa R$ 50 no dia do lançamento. As visitas guiadas ao Cemitério São Francisco de Paula acontecem três vezes por mês, e são anunciadas na página: www.facebook.com/cemiteriomunicipal.

A pesquisadora Clarissa Grassi acredita que o cemitério funciona como uma microcidade. Mais: também espelha a urbe em que está inserido. Ali, é possível saber dos ciclos econômicos, conhecer nossas principais personalidades e detectar aspectos arquitetônicos e geológicos. Fascinada pelo tema há mais de uma década, a estudiosa, que tam­­­bém é presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, lança hoje, na Caixa Cultural, o Guia de Visitação ao Cemitério São Francisco de Paula – Arte e Memória no Espaço Urbano, que reúne dados e histórias sobre o cemitério, fundado em 1854. Haverá também palestra com a autora.

"Eu comecei a pesquisar o municipal em 2003. A primeira ideia era mostrar que existe, sim, beleza no cemitério. É só uma questão de olhar, porque as pessoas ainda ficam receosas, com um pouco de medo. Eu fotografava, mostrava as imagens e todos achavam lindo, até eu falar que era um cemitério", conta ela, que também é autora de Um Olhar... A Arte no Silêncio (2006), sobre a arte tumular do São Francisco de Paula.

Em 2011, Clarissa inscreveu o projeto do livro atual na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, mesmo ano em que começou a realizar visitas guiadas no espaço (que acontecem até hoje – veja os detalhes no serviço). "Os estudos são sempre focados só na arquitetura, ou na biografia das pessoas. Quis fazer algo diferente, que juntasse diferentes abordagens, fosse multidisciplinar", explica.

Por isso, a autora dividiu o livro em dez trajetos temáticos: música, arte tumular, arquitetura, geologia, artistas, intelectuais, políticos, empresários, ritos e fé e personalidades. "Quis mostrar a potencialidade do cemitério enquanto patrimônio artístico cultural, e também fazer um relato sobre as principais personalidades que estão ali", frisa.

Helena Kolody e Emiliano Perneta, os artistas Alfredo Andersen e Guido Viaro, empresários como Florian Essenfelder e políticos, como Cândido de Abreu, são algumas personalidades dentro de um universo de quase 80 mil sepultados. O livro serve, então, tanto para o leitor como para quem quer ir ao cemitério sozinho e descobrir esses espaços: o guia, bilíngue, conta com um mapa para localizar todos os túmulos, as descrições arquitetônicas, materiais utilizados e significados dos adornos. "Esses cemitérios extra muros têm um discurso visual muito interessante. Nas pesquisas, você detecta certos modismos, como o uso do granito rosa em Curitiba, o mesmo de muitas das nossas calçadas, além da forte influência da Igreja nos símbolos", diz Clarissa.

Cultural

Para a pesquisadora, o jeito como o brasileiro enxerga o cemitério está se modificando, e a visitação começando a se concretizar. "É um hábito dos europeus. Em Buenos Aires, também é super consolidado. Estamos começando a ver o cemitério como patrimônio." O livro, portanto, é uma ferramenta para que as pessoas conheçam e valorizem o espaço, ainda muito frágil. "O cemitério sofre com roubo, vandalismo. E para ele ser preservado, é necessário pertencimento. A ideia é reocupar o cemitério, valorizando esses personagens", salienta.

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