Exposição
Pulso Iraniano
Oi Futuro Belo Horizonte (Av. Afonso Pena, 4.001 Mangabeiras, Belo Horizonte), (31) 3229-3131.
3ª a sáb. das 11h às 21h. Dom. das 11h às 19h. Entrada gratuita. Até 26 de agosto.
Classificação etária: 12 anos.
"O Irã tem mais de 180 galerias de arte contemporânea, algo que eu jamais imaginava antes de começar a estudar para montar a exposição. Há um terreno muito fértil no país para a produção de arte."
Marc Pottier, curador de Pulso Iraniano
Enquanto terminava um trabalho em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, o curador independente Marc Pottier, francês que se divide hoje entre seu país e o Rio de Janeiro, teve contato com a dona de uma galeria de arte contemporânea em Teerã. A informação despertou o interesse do profissional, especialista em arte pública, em saber mais sobre a arte no Irã: segundo ele, o país tem hoje mais de 180 galerias que se dedicam somente à arte contemporânea desenvolvida no país, ou por artistas iranianos que vivem em capitais como Nova York e Paris.
FOTOS: Veja fotos da Mostra Pulso Iraniano
Engana-se quem pensa que a arte iraniana é exclusivamente política, o que se poderia esperar vindo de um país que vive um contexto complicado há décadas. Ao ver o conjunto de obras de mais de 56 artistas na exposição Pulso Iraniano, que teve visitação de mais de 13 mil pessoas no Rio de Janeiro em 2011, e estreou no último fim de semana na Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro, em Belo Horizonte, é possível observar a força da criação da classe artística iraniana, focada não somente em retratar a temática da repressão, mas também em desmistificar o cotidiano e sua cultura.
"Não é uma exposição política", salienta Pottier, que dividiu a mostra nos temas: A Guerra, As Tradições, A Mulher, A Poesia e O Espírito da Celebração, e selecionou obras de ícones como Shirin Neshat (que vive em Nova York) e vídeos do cineasta Abbas Kiarostami (ganhador da Palma de Ouro em Cannes, em 1997, por Gosto de Cereja). Há também uma sessão dedicada ao fotógrafo Bahman Jalali (1944-2010), que morreu durante a concepção da mostra.
Jalali é considerado o maior fotógrafo do Irã. Começou a trabalhar na década de 1960, ainda estudante de Economia, e dedicou-se a descrever o país no aspecto social, geográfico, antropológico e político ele retratou, por exemplo, a revolução iraniana de 1979, além de produzir imagens chocantes dos sucessivos anos em guerra.
Espaço para o trabalho de jovens fotógrafos também foi reservado na mostra Pottier convidou a artista Shadi Gharidian, que divulga novos talentos no site Fanoosphoto (www.fanoosphoto.com). Uma das propostas interessantes é Uma Olhada Através do Espelho, resultado de uma fotografia de inspeção feita em 2007 pela artista Katayoun Javan atrás da janela dos corredores de seu apartamento, em Teerã.
Festa (2005), de Amirali Ghasemi, incita discussões. A série de fotografias é parte da viagem multimídia que o artista fez pela vida underground de Teerã, e reflete diferentes aspectos da juventude iraniana, como as festas particulares, sonhos secretos e vontades. No entanto, os rostos foram apagados para que as identidades não fossem usadas indevidamente.
Mulheres
Senhorita Híbrida, imagens de uma garota loira, enfeitada com véus e batom vibrantes, de Shirin Aliabadi, retrata a forma como as mulheres usam suas maquiagens e roupas em Teerã apesar das regras rígidas para controlar a forma de as mulheres islâmicas se vestirem. A aparência física no Irã, conta Marc Pottier, é incrivelmente importante, tanto que as moças que realizam cirurgia plástica no nariz ostentam a fita cirúrgica por muito tempo. "É um símbolo de status, vemos muitas meninas assim pelas ruas, não são só mulheres de preto. Dá para sair dessa exposição com uma nova visão do Irã."
A jornalista viajou a convite da Oi.
Veja fotos da Mostra Pulso Iraniano
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