Cinema
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Os biógrafos de Woody Allen, como Eric Lax, costumam descrever o cineasta como uma usina de ideias, uma verdadeira máquina de escrever roteiros. A dois anos de completar 80 anos, ele segue, sem esmorecer, a realizar um filme por ano. E, cá entre nós, gostem ou não os seus detratores, mais acertando do que errando.
Em 2013, Allen lançou um de seus melhores filmes na última década, Blue Jasmine, que deu o Oscar de melhor atriz à Cate Blanchett. Neste ano, o cineasta tirou da gaveta um roteiro menos brilhante, mas longe de ser desprovido de qualidades. Magia ao Luar é um filme corriqueiro, gostoso de ver, mas que se desmancha minutos após a exibição, como um deleite efêmero, rumo ao esquecimento. E daí?
Emma Stone (de Histórias Cruzadas), a musa da vez de Allen, vive com charme e graça a protagonista, Sophie Baker, uma médium norte-americana dos anos 1920, momento em que tanto o espiritismo quanto o ilusionismo estavam em voga na Europa, curiosamente também uma época de ascensão do cinema como forma de entretenimento para as massas: talvez na ânsia de superar o trauma deixado pela Primeira Guerra Mundial, "escapar", de alguma forma, seja uma palavra-chave para entender esses tempos.
Os dons mediúnicos de Sophie acabam seduzindo uma rica família norte-americana, hospedada em uma cidade no sul da França. Entusiasmados, resolvem bancar a moça em seus estudos sobre ocultismo, mas eles têm lá suas suspeitas. A intermediação acaba sendo feita pelo britânico Stanley Crawford (Colin Firth, de O Discurso do Rei), que representa a outra ponta do espectro escapista: é um ilusionista, que se faz passar pelo mágico chinês Wei Ling Soo. Ele, portanto, é, em teoria, capaz de descobrir se Sophie é uma charlatã ou se, de fato, tem poderes sobrenaturais.
É dessa tênue linha que separa a verdade da representação, o truque do verdadeiramente imponderável, que Magia ao Luar tira sua força. Como o próprio cinema, que em seus primórdios foi tratado como uma espécie de atração circense, equivalente aos shows de ilusionismo, e desprezado enquanto possibilidade de ser uma manifestação artística, o filme levanta a hipótese de que, no fim das contas, pouco importa se Sophie é ou não de "verdade". Sobretudo para Stanley, que ao se encantar pela moça, passa a enxergar a sua magia, que, pelo menos para ele, não é dissimulação.
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