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Falsários que enganam mulheres carentes por e-mail não são uma novidade surgida nestes tempos de internet. Nos EUA dos anos 40, um sujeito chamado Raymond Martinez já seduzia moçoilas ingênuas por carta, para depois arrancar-lhes algum dinheiro e fugir rumo à próxima aventura. Os negócios iam bem e a polícia não dava trabalho, até que uma tal de Martha Beck cruzou seu caminho.

Inicialmente uma vítima em potencial, ela virou o jogo e passou a manipular Raymond. Os golpes, planejados a partir de anúncios sentimentais publicados em jornais, ganharam um reforço: a própria Martha, disfarçada de irmã do galã canastrão. Mas logo as coisas saíram do controle. Ciumenta e com forte inclinação para a psicopatia, a moça não conseguia suportar a idéia de ver o namorado com outras. E os dois começaram a matar as coitadas sem dó nem piedade, deixando uma trilha de 12 cadáveres.

A história é real, virou filme e acaba de sair em DVD no Brasil. Os Fugitivos, no entanto, não se concentra apenas nas peripécias macabras dos Assassinos dos Corações Solitários, como Raymond e Martha (interpretados por Jared Leto e Salma Hayek) ficaram conhecidos. Neto do policial Elmer C. Robinson, que conduziu as investigações dos crimes, o diretor e roteirista Todd Robinson optou por explorar também o outro lado dos fatos. Por conta disso, o filme começa com o suicídio totalmente inesperado da primeira mulher de Robinson (vivido por John Travolta).

Abalado, e com um filho adolescente para criar, o tira agarra o caso com unhas e dentes. Como se a captura da dupla fosse capaz de compensar a perda e preencher esse vazio. Com a ajuda do colega Charles Hildebrandt (James Gandolfini, da série de tevê Família Soprano), Robinson empreende uma caçada aos criminosos, enquanto contorna problemas com seu garoto e a namorada Rene (Laura Dern, de Jurassic Park).

O problema é que o diretor não consegue ser profundo o suficiente em nenhum dos eixos narrativos. Como Martha consegue dominar Raymond? Há quanto tempo Robinson e Rene realmente estão juntos? O que o racismo de Hildebrandt tem a ver com a trama? Na tentativa de fazer um filme noir, cheio de mistérios, o diretor erra a mão e joga no colo do espectador um punhado de questões mal desenvolvidas. Para piorar, os diálogos, empolados, beiram o constragedor – principalmente quando saem da boca de Travolta, aqui com os cabelos pintados de um acaju pavoroso.

Antes mesmo de Os Fugitivos ficar pronto, chegaram a dizer que Salma Hayek era candidatíssima ao Oscar por sua Martha Beck. Bem ao gosto da Academia, a atriz teria engordado uns bons quilos para viver a personagem, um tanto rechonchuda na vida real. Pura especulação. Salma continua belíssima, para o bem de um filme frouxo e irregular. GG

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