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Malcolm Gladwell: autor de "Blink". | Divulgação
Malcolm Gladwell: autor de "Blink".| Foto: Divulgação

Perfil

Saiba um pouco mais sobre o escritor Malcolm Gladwell

Ele é autor de quatro livros:

O Ponto da Virada, Blink (o único pela Rocco, os demais saíram pela Sextante), Fora de Série e o mais recente, What the Dog Saw.

Na New Yorker, onde trabalha desde 1996, seu texto simples e articulado ganhou notoriedade. Rápido, ele amarrou o talento para a escrita com raciocínios inusitados e teorias que procuravam explicar fatos que as pessoas davam como certos.

Para analisar como uma rede de eventos insignificantes na aparência podem ter efeitos gigantescos, o ensaísta sondou, por exemplo, o sucesso surpreendente dos sapatos hush puppies (um tipo de mocassim).

Em meados dos anos 90, a fábrica estava pensando em encerrar seus trabalhos, vendendo irrisórios 34 mil pares por ano nos EUA. A partir de um grupo de jovens nova-iorquinos, que adotaram os sapatos porque ninguém mais usava, ele voltou à fama e, em um ano, passou a vender mais de 400 mil pares. A história é narrada em O Ponto da Virada.

Afeito a teorias mirabolantes, Malcolm Gladwell acaba de lançar um novo livro nos EUA, What the Dog Saw ("O Que o Cachorro Viu"), uma coletânea de textos publicados na revista The New Yorker a sair no Brasil em 2010 pela Sextante.

A publicação acabou suscitando uma troca de farpas entre o autor e o cientista Steven Pinker (Como a Mente Funciona), que resenhou a obra para o jornal The New York Times e fez críticas duras ao método de Gladwell, não sem antes dizer que ele produz "obras-primas do ensaio".

Na opinião de Pinker, o jornalista dá definições equivocadas de vários conceitos. "Quando a educação de um escritor num tópico qualquer consiste em entrevistar um especialista, ele está apto a oferecer generalizações que são banais, obtusas ou erradas", escreveu Pinker.

Gladwell não gostou das observações e procurou respondê-las em seu blog, citando suas fontes e questionando as referências de Pinker. Mais tarde, o próprio Times publicaria uma seleção breve da discussão entre os dois.

"Uma ameaça comum nos textos de Gladwell é um certo tipo de populismo, que procura minar os ideais de talento, inteligência e habilidade em favor da sorte, da oportunidade, da experiência e da intuição", diz Pinker.

De fato, o cientista vai direto ao ponto: o ensaísta se tornou um artigo imprescindível nas estantes dos funcionários de grandes corporações. E virou um best seller já na sua estreia, O Ponto da Virada. Nas livrarias brasileiras, ele está exposto na seção de "Administração".

Na verdade, o "método Gladwell" consiste em rebater o senso comum e oferecer uma abordagem inusitada para um fato que até então passava despercebido. Num dos textos de What the Dog Saw, o escritor fala sobre os estudos estatísticos ligados ao futebol americano.

Nos Estados Unidos, todos os anos, a imprensa especializada faz um bafafá em torno do processo de seleção de jogadores (o draft) que deixam as universidades para embarcar na liga profissional. Os atletas escolhidos por primeiro (existe uma ordem que os times precisam respeitar) são, em geral, os mais populares, talentosos e midiáticos.

Daí vem Gladwell – baseado em estudos acadêmicos – e diz que, na realidade, os jogadores com o melhor desempenho no futebol americano são aqueles que os times relegaram às posições mais baixas no draft. No texto, ele procura pensar por que é difícil prever a performance de esportistas, professores, criminosos e artistas.

Autor de O Ponto da Virada e Blink – A Decisão num Piscar de Olhos, o ensaísta foi traduzido para dezenas de idiomas, basicamente, oferecendo explicações claras e bem sacadas sobre histórias de sucesso e defendendo a supremacia do instinto sobre o intelecto. Quem não gostaria de alguém que o incita a confiar nos seus primeiros impulsos, construindo argumentos para mostrar que decisões tomadas no calor do momento podem ser tão boas quanto aquelas que se leva tempo matutando.

Filho de mãe psicoterapeuta e pai matemático, Gladwell se utiliza de pesquisas em ambas as áreas para construir seus raciocínios. Com um texto direto e honesto, além de envolvente, Gladwell é uma experiência de leitura que não se tem todos os dias. Ele é alguém disposto a traduzir conceitos complexos sem simplificá-los, mostrando como eles podem nos influenciar dia a dia.

Outra coisa que fez sua fama é o talento para frases de efeito na linha de "Como pequenas coisas podem fazer uma grande diferença" (o subtítulo de Ponto da Virada que passou a ser repetido como um mantra em empresas).

Um estudo de caso que ficou famoso aparece no livro Fora de Série, em que o autor argumenta contra a noção do gênio acima de qualquer coisa. Bill Gates é tomado como exemplo. Além de talento e inteligência, Gladwell diz que Gates entrou para a história porque estudava em uma escola que já tinha computadores, além de ter nascido em 1955, um ótimo ano para profissionais ligados à informática.

Serviço

What the Dog Saw and Other Adventures, de Malcolm Gladwell. Little, Brown & Company, 410 págs., US$ 27,99.

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