Na corrida
Confira as indicações de O Homem Que Virou o Jogo ao Oscar 2012:
Filme
Ator: Brad Pitt
Ator coadjuvante: Jonah Hill
Roteiro adaptado
Edição
Mixagem de som
Apesar de ser um dos traços fundamentais da cultura nacional, o futebol nunca foi um dos grandes temas do cinema brasileiro. Assim, poucos filmes sobre esportes alcançaram grande ressonância entre nós. Salvo, talvez, o boxe, imortalizado em obras vencedoras do Oscar como Rocky, um Lutador e Menina de Ouro. E se os longas-metragens tratam de modalidades pouco populares no país, como o futebol americano e o beisebol, o diálogo com o público se torna ainda mais difícil. Mas sempre há exceções para qualquer regra.
Os grandes filmes sobre o mundo esportivo tendem a ser aqueles que, embora lhe prestem tocantes homenagens, conseguem transcendê-lo. Essas produções tratam os esportes como metáfora poderosa para falar das pessoas que os praticam, deles sobrevivem ou por eles são apaixonados. O Homem Que Virou o Jogo, longa-metragem do diretor Bennett Miller (de Capote), indicado a seis Oscars, é um desses casos. Transborda humanidade, embora seja essencialmente uma história de beisebol. E deve, sim, cativar os brasileiros.
Adaptação de um livro de não ficção, publicado em 2003 por Michael Lewis, o filme conta como dois homens foram às últimas consequências para mostrar que um time não precisava de grandes astros para ser campeão.
Em 2002, Billy Beane (Brad Pitt), ex-jogador de beisebol que um dia fora uma grande promessa do esporte, tenta administrar os Athletics (As), de Oakland, na Califórnia, uma equipe que até consegue bons resultados, mas tem de sobreviver às custas de um orçamento enxuto, muito menor do que o de grandes times, como o multimilionário New York Yankees.
Matemática aplicada
Quando Beane conhece e contrata Peter Brand (Jonah Hill), um economista formado em Yale, nada atlético e que jamais praticou beisebol, ele descobre que é possível existir uma luz no fim do túnel. Brand é discípulo de Bill James, guru da estatística, que por meio de estudos quantitativos detalhadíssimos, tenta provar a Beane que ele não precisa contratar, por milhões de dólares, superjogadores que não irão, necessariamente, trazer ao time os resultados ambicionados. Os números mostram que, com os recursos disponíveis, os As podem vencer com integrantes de habilidades conjugadas e complementares.
Ao comprar a tese de Brand, Beane, um homem divorciado, pai de uma filha adolescente e dono de um passado de frustrações, entra em confronto com toda a equipe técnica do seu time. Aí se inclui o técnico, o cético e sempre irônico Art Howe (Philip Seymour Hoffman, vencedor do Oscar por Capote), com quem ele bate de frente.
Miller, um diretor talentoso que reafirma com O Homem Que Virou o Jogo sua habilidade em lidar com temas históricos, se sai bem em vários sentidos. Consegue encenar momentos importantes da campanha dos As, intercalando-os com imagens documentais. E, graças ao excelente roteiro dos vencedores do Oscar Steven Zaillian (de A Lista de Schindler) e Aaron Sorkin (de A Rede Social), contar uma história de beisebol capaz de emocionar até mesmo quem pouco ou nada entende sobre o esporte.
Beane, numa das melhores atuações da carreira de Brad Pitt, e Brand, também defendido com maestria por Hill, formam uma dupla improvável, mas crível, por quem é impossível não torcer. Talvez porque, quixotescamente, enfrentem um sistema que não lhes dá atenção com uma lógica baseada em números, mas subversiva, porque coloca em xeque a mecânica perniciosa do mundo dos esportes, onde pode mais quem vale mais.
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