Bastidores
Confira detalhes sobre a produção de Coraline e o Mundo Secreto.
> Filme utilizou 150 sets de filmagem e 250 marionetes.
> Roteiro adapta graphic novel homônima, lançada em 2002, pelo escritor inglês Neil Gaiman.
> Orçamento foi de cerca de US$ 70 milhões.
> Coraline tem 11 anos de idade.
> História faz referências a Alice no País das Maravilhas e O Mágico de Oz.
> A sequência do circo dos camundongos saltitantes levou 66 dias para ser animada.
> As flores que enfeitam o jardim do "Palácio Cor-de-rosa" consumiram mais de 800 horas de trabalho manual da equipe.
> Ao todo, as filmagens duraram cerca de 18 meses (sem contar os dois anos de pré-produção e os seis meses de pós-produção).
Fonte: Agência Estado
Qualquer um que encontrasse uma passagem para um mundo em que tudo é exatamente como gostaria que fosse, a atravessaria sem titubear. A protagonista-título de Coraline e o Mundo Secreto faz o que qualquer um faria.
A animação que estreia amanhã nos cinemas adapta uma história de Neil Gaiman, autor de revistas em quadrinhos (Sandman), romances "adultos" (Deuses Americanos) e infanto-juvenis (Os Lobos Dentro das Paredes). É neste último gênero que se encaixa Coraline.
Quando o filme começa, a menina chega com os pais a sua nova casa, o "Palácio Cor-de-rosa", uma construção centenária que abriga também um ginasta russo que treina camundongos saltitantes, e uma dupla de atrizes que fizeram fama no teatro e hoje estão senis e mal-humoradas.
Os pais de Coraline ganham a vida escrevendo textos sobre jardinagem apesar de não darem a mínima para terra e plantas. São estressados, cozinham mal, não ouvem a filha em situação alguma e têm dificuldade de pensar em outra coisa que não seja trabalho.
Instalada em seu quarto, a menina se entedia rápido, achando tudo chato, de um quadro na parede até as janelas e portas que anda contabilizando pela casa. Está proibida de sair para brincar por causa da chuva e da lama.
Em um dos cômodos, encontra uma porta coberta pelo papel de parede. Pede para a mãe abri-la de qualquer jeito e dá de cara com tijolos e mais nada. Isso, durante o dia. À noite, os tijolos desaparecem e surge a passagem para uma realidade alternativa.
Nesse mundo secreto, os pais de Coraline preparam banquetes para o jantar, são divertidos e não apenas deixam a garota brincar na lama como adoram fazer companhia para ela.
Um detalhe bizarro diferencia os habitantes desse lugar: todos têm botões no lugar dos olhos.
A certa altura, para continuar usufruindo desse mundo, Coraline precisa deixar que sua "outra mãe" costure botões no seu rosto, ideia que descarta sem pensar duas vezes mesmo fascinada pelas regalias do lugar. Mas talvez seja tarde demais para dizer não.
Coraline é uma produção em stop-motion, técnica que utiliza bonecos animados manualmente. Personagens e cenários são movidos de milímetro em milímetro e fotografados para dar a ilusão de movimento. É um trabalho descomunal. Cada segundo de animação precisa de 24 fotogramas. Em uma semana sem imprevistos, um animador produzia cinco segundos de filme. Com uma equipe de 24 profissionais, o trabalho evoluiu ao ritmo de dois minutos de filme por semana. (Confira quadro com números relacionados à produção.)
A filmografia do diretor Henry Selick indica que ele tem uma queda por histórias com personagens que, de alguma forma, querem fugir da realidade e o fazem partindo para mundos paralelos. Foi assim com O Estranho Mundo de Jack produzido e roteirizado por Tim Burton , e James e o Pêssego Gigante, adaptação do texto de Roald Dahl.
Coraline tem um ponto de partida fascinante, mas pode ter problemas para envolver adultos ou até crianças mais velhas algo que as animações da Pixar tiram de letra. Ratatouille e Wall-E, para ficar só em dois títulos, conseguem atrair qualquer faixa etária.
A falta de ritmo do filme e os detalhes esdrúxulos do enredo entre eles, o fato de o mundo alternativo ser criado, sem maiores explicações, por uma espécie de aranha gigante são compensados pela animação. Turbinado pela computação gráfica, o filme é o primeiro na técnica de stop-motion rodado inteiramente em 3-D.
A maneira como Selick aplicou o efeito tridimensional deixa a história fascinante. No mundo real, as cenas com profundidade são discretas. Já no mundo alternativo, as cores são exageradas e existem vários elementos que parecem saltar da tela. Ainda assim, os efeitos em Coraline são mais sutis que os vistos em Bolt Supercão e Os Mosconautas.
Embora seus filmes sejam vendidos como sombrios e assustadores como a sinopse de Coraline pode sugerir , Selick é um Tim Burton açucarado. Ele quer assustar, mas não muito e, no fim, tudo termina superbem. (O que não é um problema.)
Em Curitiba, o Cinemark Mueller exibe a versão tridimensional, enquanto os outros cinemas recebem cópias em 2-D. GGG1/2
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