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Cinema

O estranho mundo de Coraline

Primeira animação em stop-motion toda filmada em 3-D estreia amanhã nos cinemas e adapta às telas uma história de Neil Gaiman

Coraline: acompanhada de um gato misterioso que sabe mais do que se pode imaginar |
Coraline: acompanhada de um gato misterioso que sabe mais do que se pode imaginar (Foto: )
O mundo real é quase monocromático e entediante. Já o mundo alternativo tem cores vibrantes e pais divertidos |

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O mundo real é quase monocromático e entediante. Já o mundo alternativo tem cores vibrantes e pais divertidos

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Qualquer um que encontrasse uma passagem para um mundo em que tudo é exatamente como gostaria que fosse, a atravessaria sem titubear. A protagonista-título de Coraline e o Mundo Secreto faz o que qualquer um faria.

A animação que estreia amanhã nos cinemas adapta uma história de Neil Gaiman, autor de revistas em quadrinhos (Sandman), romances "adultos" (Deuses Americanos) e infanto-juvenis (Os Lobos Dentro das Paredes). É neste último gênero que se encaixa Coraline.

Quando o filme começa, a menina chega com os pais a sua nova casa, o "Palácio Cor-de-rosa", uma construção centenária que abriga também um ginasta russo que treina camundongos saltitantes, e uma dupla de atrizes que fizeram fama no teatro e hoje estão senis e mal-humoradas.

Os pais de Coraline ganham a vida escrevendo textos sobre jardinagem – apesar de não darem a mínima para terra e plantas. São estressados, cozinham mal, não ouvem a filha em situação alguma e têm dificuldade de pensar em outra coisa que não seja trabalho.

Instalada em seu quarto, a menina se entedia rápido, achando tudo chato, de um quadro na parede até as janelas e portas que anda contabilizando pela casa. Está proibida de sair para brincar por causa da chuva e da lama.

Em um dos cômodos, encontra uma porta coberta pelo papel de parede. Pede para a mãe abri-la de qualquer jeito e dá de cara com tijolos e mais nada. Isso, durante o dia. À noite, os tijolos desaparecem e surge a passagem para uma realidade alternativa.

Nesse mundo secreto, os pais de Coraline preparam banquetes para o jantar, são divertidos e não apenas deixam a garota brincar na lama como adoram fazer companhia para ela.

Um detalhe bizarro diferencia os habitantes desse lugar: todos têm botões no lugar dos olhos.

A certa altura, para continuar usufruindo desse mundo, Coraline precisa deixar que sua "outra mãe" costure botões no seu rosto, ideia que descarta sem pensar duas vezes – mesmo fascinada pelas regalias do lugar. Mas talvez seja tarde demais para dizer não.

Coraline é uma produção em stop-motion, técnica que utiliza bonecos animados manualmente. Personagens e cenários são movidos de milímetro em milímetro e fotografados para dar a ilusão de movimento. É um trabalho descomunal. Cada segundo de animação precisa de 24 fotogramas. Em uma semana sem imprevistos, um animador produzia cinco segundos de filme. Com uma equipe de 24 profissionais, o trabalho evoluiu ao ritmo de dois minutos de filme por semana. (Confira quadro com números relacionados à produção.)

A filmografia do diretor Henry Selick indica que ele tem uma queda por histórias com personagens que, de alguma forma, querem fugir da realidade e o fazem partindo para mundos paralelos. Foi assim com O Estranho Mundo de Jack – produzido e roteirizado por Tim Burton –, e James e o Pêssego Gigante, adaptação do texto de Roald Dahl.

Coraline tem um ponto de partida fascinante, mas pode ter problemas para envolver adultos ou até crianças mais velhas – algo que as animações da Pixar tiram de letra. Ratatouille e Wall-E, para ficar só em dois títulos, conseguem atrair qualquer faixa etária.

A falta de ritmo do filme e os detalhes esdrúxulos do enredo – entre eles, o fato de o mundo alternativo ser criado, sem maiores explicações, por uma espécie de aranha gigante – são compensados pela animação. Turbinado pela computação gráfica, o filme é o primeiro na técnica de stop-motion rodado inteiramente em 3-D.

A maneira como Selick aplicou o efeito tridimensional deixa a história fascinante. No mundo real, as cenas com profundidade são discretas. Já no mundo alternativo, as cores são exageradas e existem vários elementos que parecem saltar da tela. Ainda assim, os efeitos em Coraline são mais sutis que os vistos em Bolt – Supercão e Os Mosconautas.

Embora seus filmes sejam vendidos como sombrios e assustadores – como a sinopse de Coraline pode sugerir –, Selick é um Tim Burton açucarado. Ele quer assustar, mas não muito e, no fim, tudo termina superbem. (O que não é um problema.)

Em Curitiba, o Cinemark Mueller exibe a versão tridimensional, enquanto os outros cinemas recebem cópias em 2-D. GGG1/2

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