Um pai de família que tem sérios problemas profissionais por não conseguir abandonar sua "carreira de bandido". A esposa cobra mais a presença do marido em casa e quer que ele dê bons exemplos para o filho. Este, por sua vez, tem problemas de auto-estima e tenta a todo custo ganhar a atenção do pai, que está sempre mais interessado em roubar galinhas.
Essa poderia muito bem ser uma família de qualquer filme do diretor Wes Anderson ("Os Excêntricos Tenenbaums", "Viagem a Darjeeling") - não fosse o pequeno detalhe que eles são raposas. Ao contrário das aparências, este, realmente, é apenas um detalhe, pois os personagens pensam e agem como humanos em "O Fantástico Sr. Raposo".
O longa, que estreia em São Paulo e Rio apenas em cópias legendadas, depois de uma bem-sucedida passagem pela Mostra de Cinema de São Paulo, em outubro, tem no centro o Sr. Raposo (dublado pelo galã George Clooney), um sujeito de boa índole, mas com uma queda por galinhas roubadas - mais pelo desafio do que por necessidade alimentar. No entanto, quando a Sra. Raposo (Meryl Streep) diz que está grávida, eles decidem levar uma vida menos arriscada.
A ação pula para o futuro, quando o filhote do casal, Ash (Jason Schwartzman), é uma raposinha com problemas de relacionamento - especialmente com o pai. Essa que parece ser a questão central do conjunto da obra de Anderson reaparece com toda força nesta animação - feita na técnica stop-motion, com roteiro assinado pelo diretor e Noah Baumbach ("A Lula e a Baleia"), baseado no livro infantil "Raposas e Fazendeiros", de Roald Dahl, publicado pela primeira vez em 1970.
Apesar de muitos esforços, o pequeno Ash nunca consegue conquistar a atenção do Sr. Raposo. Tudo piora com a chegada do primo Kristofferson (Eric Anderson), que ganha facilmente carinho e atenção do patriarca, porque é o garoto de ouro, campeão em todos os esportes, inteligente, charmoso, praticamente perfeito - o que desperta um ciúme doentio no filhote da casa.
Uma das questões centrais do filme é o filho com sua jornada de autodescoberta e para conquistar de vez o respeito de seu pai. Famílias problemáticas rendem ao diretor o mote para seus longas, com personagens sempre excêntricos e um pouco neuróticos.
Embora muita coisa do filme não esteja presente no livro de Dahl - como a questão pai e filho e mais da metade da história - Anderson é bastante fiel ao espírito de audácia e anticonformismo que o escritor prega através de seus personagens, tanto aqui, e em outros livros, como "A Fantástica Fábrica de Chocolate". São histórias centradas em pessoas em busca de sua identidade, mesmo que outros fatores tentem impedir.
Sr. Raposo é um ladrão de galinhas nato - essa é sua essência - mas ele consome seu tempo escrevendo uma coluna de jornal que ninguém lê. Ao assumir sua natureza de ladrão de galinhas, ele é obrigado a pagar um preço por isso tanto em casa na rua. A mulher não gosta porque é perigoso. E um trio de fazendeiros, Boque (Robin Hurlstone), Bunco (Hugo Guinness) e Bino (Michael Gambon), também está cansado de seus prejuízos e prepara uma armadilha para pegar o Sr. Raposo.
Isso trará consequências não apenas para a família, mas também para toda a comunidade de animais da região. Anderson, então, foca o filme nas interações sociais dos personagens, seus lugares na sociedade e expectativas.
Como também é comum nos filmes do diretor, "O Fantástico Sr. Raposo" é repleto de músicas pop, conhecidas e obscuras, que vão desde Rolling Stones até Beach Boys. Combinadas com uma trilha original composta por Alexandre Desplat, elas criam um clima estranho, mas ao mesmo tempo excêntrico, típico do universo à parte criado nos filmes de Anderson.
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