As apresentações e o “teatro” dos jurados do The Voice Brasil – Carlinhos Brown, Daniel, Lulu Santos e Claudia Leitte – são alguns dos elementos que geram mais sucesso| Foto: João Miguel Júnior/TV Globo
Representante de Curitiba, Rodrigo Castellani, vocalista da banda Radiophonics, foi um dos destaques do programa

Há quem chore junto com a família assistindo, e também existe, assumidamente, o grupo que "não viu e não gostou". Seja qual for a vertente, o fato é que o programa The Voice, reality show musical da Globo, que terá a grande final no próximo dia 26, é um sucesso: lidera a audiência no horário que é exibido (com média de 26 pontos), nas quintas-feiras, após a novela Amor à Vida, além de ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.

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VÍDEO: Assista aos melhores momentos do The Voice Brasil:

Passando pelo crivo dos técnicos e jurados, Claudia Leitte, Daniel, Lulu Santos e Carlinhos Brown, o vencedor ganhará prêmio de R$ 500 mil e um disco gravado pela Universal Music. Do Paraná participaram três representantes (todos eliminados): Vivian Lemos, de Londrina, Gustavo Trebien, de União da Vitória, e Rodrigo Castellani. O último, carioca radicado em Curitiba, foi um dos maiores destaques do programa, e arrebatou Lulu Santos na primeira apresentação, logo no início da interpretação da música "Higher Ground", de Stevie Wonder.

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Apesar da qualidade das vozes dos participantes e de ser uma boa opção de entretenimento na televisão aberta, o fato é que, dificilmente, o programa revelará um "grande sucesso." Pelo menos é o que acreditam músicos e especialistas entrevistados pela Gazeta do Povo.

A padronização das vozes e os maneirismos vocais presentes na atração, muito semelhantes a um padrão norte-americano inspirado nas divas do rhythm and blues, é algo que fica fora da nossa cultura, acredita o produtor Plínio Profeta. "Não é para ser levada a sério a questão musical. O caminho da música brasileira não está sendo definido no The Voice Brasil." Para ele, o programa é bem-sucedido por toda a mise em scène dos jurados, escolhidos estrategicamente: são artistas de quatro estilos totalmente diferentes, e cada um deles angaria um público extenso. "Isso é muito mais estudado, e funciona por todo o show que eles fazem. Os participantes acabam sendo coadjuvantes."

Integrante da turma "não vi e não gostei", o regente do Vocal Brasileirão, Vicente Ribeiro, não concorda em transformar a "arte em olimpíada". "É uma disputa de quem atinge notas mais agudas." O regente diz que não existe um jeito certo de cantar, mas acha que a uniformização é ruim. "Cada um tem uma individualidade. A Elis Regina cantava forte, mas era ela. Já a Nara Leão cantava baixinho. No Brasil, geralmente, temos um canto mais próximo do jeito que a gente fala", explica.

A cantora, compositora e locutora Rogéria Holtz considera os arranjos e as versões das músicas apresentadas no programa "maravilhosas", mas lamenta a existência quase onipresente do "grito" nas apresentações. "O Caetano Veloso, por exemplo, jamais faria sucesso ali. É muito injusto ter de mostrar tudo em uma só música."

Porém, Rogéria acredita que é melhor ter um espaço que fale de música na televisão do que nenhum, carência que pode explicar a repercussão. "Fora o Som Brasil, que é ótimo, não temos nada em horário nobre. Melhor o The Voice Brasil do que nada." O supervisor do curso de Produção Musical do Centro Europeu, Ilan Kriger, crê que as músicas escolhidas são certeiras, o que facilita a atração do público. Entretanto, sente falta de um espaço mais autoral, a exemplo do que existia no Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, na década de 1960. "Seria legal canções que mostrassem o momento de agora."

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Vocalista da banda Wandula e professora de canto, Edith de Camargo se impressiona com a postura de palco dos participantes. "São pessoas talentosas, muitas com a voz colocada e que não têm problema de se apresentar, habilidade que nem sempre um cantor ou cantora tem. Eu sou absolutamente tímida, e preciso fazer todo um trabalho para estar bem no palco." Para ela, nem todo mundo precisa ser um entertainer, e o participante que não se encaixa nesse padrão não tem vez. "Podemos transmitir várias coisas com a música, com um ato mais artístico e poético."

Mercado

Ter visibilidade no reality pode dar um empurrão na carreira, mas não é determinante, salienta Plínio Profeta. "São pouquíssimos os que dão certo, apesar do investimento milionário. Isso prova que não há fórmula para o sucesso. O vencedor sai do programa e precisa fazer o disco correndo para aproveitar o momento, e na maioria das vezes não acontece nada." O produtor lembra o exemplo da cantora Roberta Sá, considerada uma das vozes mais interessantes entre as novas cantoras brasileiras, que foi participante do Fama (Rede Globo), e não venceu. "A carreira dela parou, depois ela deu a volta por cima."

Vicente Ribeiro considera o The Voice Brasil o "último suspiro da indústria fonográfica". "Hoje qualquer um pode gravar um disco em casa, divulgar no YouTube. A Banda Mais Bonita da Cidade fez um sucesso maravilhoso, com um som bonito que tem coisas a dizer. A arte não precisa mais da indústria, a revolução da internet é essa."

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Dom Paulinho cantando Marvin Gaye

por catcav

Rafael Furtado cantando Oasis

http://globotv.globo.com/rede-globo/the-voice-brasil/v/apos-sua-escolha-rafael-furtado-faz-lulu-e-brown-jogarem-capoeira-por-ele/2896149/

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Castellani surpreendeu os jurados com Steve Wonder

http://globotv.globo.com/rede-globo/the-voice-brasil/v/rodrigo-castellani-e-disputado-pelos-quatro-tecnicos-e-escolhe-time-de-lulu-santos/2896141/

Sam e Marcela cantando A Thousand Years