São José do Rio Preto Uma das atrações mais comentadas do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto não acontece em um palco. Adelaide Fontana, que mostra o desabafo de uma radialista demitida, foi encenada em uma vitrine de loja, no centro da cidade. O local de exposição de produtos de jeans foi transformado para ficar parecendo um estúdio de rádio. E, durante 35 minutos, as pessoas que passavam no calçadão podiam parar para ouvir o que se dizia no microfone da falsa estação transmissora.
A busca de novos espaços para mostrar peças de teatro foi uma das tendências do festival deste ano. Um ciclo inteiro baseado nas peças de William Shakespeare foi montado nas ruas da cidade, com grupos locais. Uma companhia do Rio de Janeiro fez um espetáculo de rua que não parava quieto no lugar. Quando os espectadores tinham se acomodado em uma posição, ajoelhados no chão para dar a chance de mais gente ver, os atores saíam do círculo e procuravam outro lugar da praça para continuar. E dá-lhe o público ir atrás.
Uma das experiências mais bem-sucedidas na inovação de espaços veio de um grupo amador. A companhia Bate Nessa Face que Eu te Viro a Outra montou de um jeito diferente Navalha na Carne, de Plínio Marcos. A peça toda se passa dentro de um quarto de hotel. A diferença é que, nessa versão, o público também está dentro do quarto, como se estivesse vendo muito de perto a intimidade dos personagens.
Por um lado, a inovação diminuiu o tamanho da platéia, que ficou reduzida a no máximo 25 pessoas por apresentação. Mas a novidade funcionou tão bem que o grupo precisou fazer cinco sessões extras para acomodar todo o público interessado.
Porém, a experiência mais radical foi mesmo realizada dentro de um galpão, onde o grupo Armazém apresentou todas as suas três peças, montadas para uma retrospectiva de seu trabalho. Duas delas, Pessoas Invisíveis e A Caminho de Casa, usaram uma forma jeito quase convencional de montagem. Não totalmente convencional, já que em alguns momentos havia atores pendurados sobre o público e coisas do gênero.
Seguindo Alice
Mas foi com Alice Através do Espelho que a trupe londrinense, radicada no Rio de Janeiro, mostrou um jeito novo de se apresentar. A peça foi montada em várias salas improvisadas dentro do galpão. Todas eram separadas por cortinas pretas, que a cada cinco minutos eram puxadas para aumentar ou diminuir o tamanho do lugar em que atores e público estavam.
A encenação começa ainda do lado de fora do teatro. O público, de apenas 65 pessoas a cada sessão, recebe um chazinho para tomar. Um jornal local chegou a dizer que o chá era alucinógeno, visto o que acontece em seguida. Toda a platéia tem de subir uma escada correndo. Chega-se a uma sala apertadíssima, onde começa a peça. Alice conversa com outros personagens e decide atravessar o espelho. O público deve segui-la. Para isso, é preciso descer por um escorregador que assusta muita gente, quase totalmente no escuro.
Na cena seguinte, o teto sobe e desce para dar a impressão de que Alice cresce e diminui. Quando o teto abaixa, o público precisa ficar de quatro no chão para não bater a cabeça. O que acaba sendo muito útil, já que para chegar à próxima cena é preciso seguir engatinhando a atriz Liliana Castro por uma miniporta. E assim por diante, durante os 75 minutos da peça.
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