Teatro
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O Filho Eterno, em cartaz no Teatro da Caixa por mais um fim de semana, com uma sessão extra no domingo, às 15 horas, e as demais esgotadas, é uma das experiências cariocas mais interessantes a passar por Curitiba nos últimos tempos (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). A aprovação do público foi além do fato de a história se passar na cidade e seu autor, Cristovão Tezza, morar aqui e de o romance, uma ficção inspirada na vida do escritor sobre a aceitação de um filho com Síndrome de Down, ter sido amplamente premiado.
Em sua primeira camada, a peça se revela um competente monólogo, sem se arrastar durante mais de uma hora de duração e provendo alterações de clima antes mesmo que elas se fizessem necessárias.
Para a mobilidade e o timing do espetáculo contribui a adaptação de Bruno Lara Resende, que usou "uma tesoura de sombras que recorta nitidamente a essência dramática da relação pai-filho", conforme as palavras de Tezza no programa do espetáculo. A direção e escolhas de Daniel Herz estão impressas no cenário, alternadamente azul, negro e ofuscante. Uma cadeira, um paletó e um par de óculos são os únicos acessórios do ator Charles Fricks.
Numa segunda camada, a peça oferece "verdades" ao espectador, que esquece estar diante de um ator e enxerga o pai diante de si. As mãos no vidro, ele vê o filho pela primeira vez, no berçário do hospital. Nós vemos junto.
Aos poucos, o progenitor passa a ser um pai e a vida conjunta se constrói. Fricks dá voz, com surpreendente habilidade, à narração do que se passa no mundo interior do pai, um escritor em conflito; ao próprio pai; ao filho; à diretora da escola que sutilmente expulsa a criança.
Na camada mais interna, está tudo que o espectador quiser apreender, com a emoção a que se permitir, fruto de um texto profundo e maturado ao longo de anos.
A única sensação de "perdi alguma coisa" vem no final, quando o crescimento do menino é acelerado e pai e filho surgem como amigões, já no final da peça.
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