A simples ideia de ser original a partir de um tema como o Natal parece uma missão impossível. São tantas as obras, da literatura ao cinema, do balé à música erudita, dedicadas a celebrar a festa maior do mundo cristão, que recorrer a algum tipo de lugar-comum é inevitável. A não ser que a matéria-prima seja o próprio clichê. E talvez esteja aí o grande achado de Operação Presente, animação que estreia hoje, inaugurando, ao lado de Os Muppets, que também entra em cartaz, e de O Gato de Botas, em pré-estreia neste fim de semana, a temporada cinematográfica de férias escolares.
Produzido pelo estúdio de animação britânico Aardman, responsável pelo genial Wallace & Gromit, Operação Presente é um filme de Natal que fala ora, vejam só! de Papai Noel. Mas o faz com graça, originalidade e, sobretudo, destreza na busca por um diálogo com novas gerações de espectadores mirins.
A sequência inicial do filme é exemplar. Depois de uma garotinha inglesa depositar uma carta destinada ao bom velhinho, ficamos sabendo que um rapazola com ares de nerd tem a responsabilidade de ler e responder os pedidos enviados pelas crianças. Até aí, tudo bem. Mas nada prepara o público para o que vem a seguir: uma nave espacial surge, ameaçadora, sobre o céu de uma grande cidade, mas, em vez de extraterrestres de aparência monstruosa, quem desembarca são elfos supermodernos, que misturam habilidades de ginastas, agentes secretos e mestres das artes marciais. E sempre acompanhados por um Papai Noel que não foge muito à imagem clássica.
Em um mundo superpopuloso e altamente tecnológico, com bilhões de habitantes que celebram o Natal, a operação de distribuição de presentes se tornou algo muito complexo. Até porque só pode ser executada durante a madrugada do dia 25 de dezembro, enquanto as crianças ao redor do mundo dormem em diversos fusos horários.
Do Polo Norte, Steve, ambicioso filho mais velho do bom velhinho, supervisiona tudo de um sofisticado centro de operações. Ele é observado pelo vovô Noel, hoje aposentado e um tanto saudoso em relação aos bons tempos em que estava na ativa e não precisava mais do que um bom trenó e uns pares de renas para dar conta do recado. E também por Arthur, seu desastrado irmão caçula, o tal moço que lê as cartas da garotada e a quem ninguém dá muita atenção.
Quando, apesar de toda excelência da operação de Steve, se descobre que um dos pedidos não foi atendido, e se percebe que as crianças viraram números, meras estatísticas, cabe a Arthur, acompanhado do seu avô amalucado, entrar em ação e devolver a humanidade ao Natal. E consegue.
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