São Paulo – O Código da Vinci, o filme, está dando o que falar. Com estréia mundial prevista para sexta-feira, dia 19 de maio e baseado no livro homônimo do escritor Dan Brown, o filme causa reações pelo mundo todo, pois defende a versão de que Jesus casou-se com Maria Madalena, e que sua descendência chegou a nossos dias, protegida por uma poderosa sociedade secreta, e que a Igreja procurou esconder a verdade sobre a vida do Salvador. A pré-estréia mundial acontece amanhã, na abertura da 59.ª edição do Festival de Cinema de Cannes.

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Por outro lado, os católicos brasileiros já foram advertidos pela CNBB para não assistirem ao filme. No dia 12 de abril, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, fez sua advertência considerando que o filme apresenta "uma imagem distorcida de Jesus Cristo, que está em contraste com as pesquisas e afirmações de estudiosos de diversas áreas das ciências humanas, da teologia e dos estudos bíblicos".

O deputado Salvador Zimbaldi (PSB-SP) está travando uma guerra contra a exibição do filme, depois de ter uma medida cautelar recusada na 2.ª Vara Cível do Fórum Regional de Santo Amaro. O deputado recorrerá ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

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As Ilhas Faroe, território autônomo pertencente à Dinamarca, com cerca de 50 mil habitantes, recusam-se a exibir o filme, que consideraram blasfemo. "Decidimos proibir o filme por ser blasfemo. Quando perguntamos à distribuidora Nordisk se o conteúdo correspondia ao do livro e a resposta foi positiva, decidimos que ele não seria exibido nas Faroe", disse Jákup Eli Jacobsen, proprietário de um dos dois cinemas do arquipélago, em entrevista ao jornal local Sosialurin. O ministro filipino Eduardo Ermida disse que o escritório responsável pela censura no país irá decidir se o polêmico filme pode ser projetado nas Filipinas, mas afirmou que sua opinião pessoal é de que é "blasfemo" e deve ser proibido. "Depende do Birô de Revisão e Classificação de Cinema e Televisão (MTRCB), mas, como bom católico, e esta é minha opinião pessoal, não vejo como uma nação católica pode tolerar que essa trama seja propagada em nome da liberdade de expressão", disse.

Islã

A Frente Moura de Libertação Islâmica (FMLI), movimento separatista filipino, apoiou a intenção do governo das Filipinas de censurar a exibição de O Código da Vinci. Curioso, é que o movimento rebelde luta para estabelecer um Estado islâmico no sul do país, onde a maioria da população é muçulmana. Khaled Moussa, vice-porta-voz da FMLI, disse em comunicado que o filme de Ron Howard pode promover a "falta de religiosidade" na maioria católica do país.

Curiosamente, o Reino Unido censurou apenas a trilha sonora e os efeitos especiais de O Código da Vinci. Segundo informou o jornal The Sunday Telegraph, o conselho que classifica os filmes se recusou inicialmente a conceder à adaptação cinematográfica do best seller de Dan Brown o certificado 12A (para crianças com menos de 12 anos acompanhadas). A justificativa do British Board of Film Classification (Conselho Britânico para a Classificação de Filmes) à produtora Sony foi que a música era muito tensa para as crianças menores e que os níveis sonoros acentuavam a violência.

No México, onde a estréia há quatro anos do filme O Crime do Padre Amaro, com Gael García Bernal, provocou uma dura reação do clero mexicano e de bispos que chegaram a pedir sua proibição, por contar uma história que se passa no país sobre um padre que engravida uma jovem e a obriga a abortar, agora revê suas posições. Um porta-voz da Igreja Católica na cidade central de Querétaro defendeu aqueles que querem ver o O Código Da Vinci, por considerar que a proibição leva mais gente ao cinema, como ocorreu com O Crime do Padre Amaro, que lotou os cinemas mexicanos.

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Na Índia, católicos fazem greve de fome contra Código da Vinci. Em Nova Délhi, O Fórum Social Católico (CSF) da Índia convocou uma greve de fome por tempo indeterminado a partir de sexta-feira, em protesto contra a estréia do filme no país, além de oferecer uma recompensa em dinheiro para quem capturar o escritor Dan Brown – um membro do grupo, Nicholas Almeida, ofereceu quase US$ 25 mil a "quem trouxer Dan Brown morto ou vivo", informou o jornal local Hindustan Times. O CSF considera o livro do americano Dan Brown, que deu origem ao filme, uma obra "anticristã". "Haverá uma lavagem cerebral em massa se o filme for exibido na Índia", opinou secretário-geral do CSF, Joseph Dias.

Irlanda

Em Dublin, a associação cristã Esperança Irlanda, composta por católicos e protestantes, que conta com o respaldo da Igreja da Irlanda (protestante), a Conferencia Episcopal irlandesa e da Opus Dei, se queixa da obra de Dan Brown que "ignorou a distinção entre a realidade e a ficção", segundo explicou o porta-voz, Norella Broderick. "Somos totalmente contra por que rechaçamos a idéia de que Jesus foi casado e suponho que as pessoas temam que esta idéia questione sua divindade", disse Broderick.

A Opus Dei, atacada e criticada por O Código da Vinci, disse que o filme norte-americano divulga o grupo e que a fita irá se tornar o "bumerangue para atingir os inimigos da Igreja". O arcebispo espanhol Javier Echeverría, em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, declarou: "Não iremos boicotá-la".