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Branca de Neve é tendência, quem diria! Está no cerne da trama da série Once Upon a Time, um dos sucessos da televisão norte-americana do momento. Foi repaginada, sem muita inspiração, no algo pirado, mas, por fim, decepcionante Espelho, Espelho Meu, que traz Lily Collins, filha do cantor Phil Collins, no papel da jovem princesa perseguida pela madrasta despeitada, encarnada por Julia Roberts, que nunca levou muito jeito para papéis de vilã. Talvez por isso, Charlize Theron, a deslumbrante e talentosa sul-africana que venceu o Oscar por Desejo Assassino (2003), como uma serial killer lésbica horrorosa, acabe sendo o grande motivo para assistir à Branca de Neve e o Caçador.
No papel de Ravenna, a Rainha Má e madrasta de Branca de Neve (Kristen Stewart, da saga Crepúsculo), Charlize rouba e cena. É fascinante a ideia de uma menina que cresce sob a maldição da própria beleza, usada por ela como arma para se manter viva a personagem se alimenta da juventude de outras jovens formosas e, caso surja outra mulher mais bonita que ela, sua única chance de sobrevivência será comendo o seu coração. E é justamente a enteada de Ravenna, cujo pai ela mata na noite de núpcias, durante o coito, que representará a concretização dessa ameaça.
Há vários aspectos interessantes em Branca de Neve e o Caçador, longa-metragem de estreia de Rupert Sanders. A direção de arte e os figurinos, de inspiração medieval, mas estilizados, são lindos. A ideia de esvaziar o mito do príncipe encantado, no filme encarnado pelo corajoso, porém algo frágil William (Sam Claflin), melhor amigo de infância de Branca de Neve, mas com zero sex appeal, também é uma boa sacada. Assim como a opção da princesa pelo caçador (Chris Hansworth, de Thor), um tipo grande, forte e tosco, porém sensível. Também cativante são os sete anões, vividos por um conjunto de atores britânicos de primeira, como Bob Hoskins e Ray Winstone.
O problema é que Kristen Stewart, talvez muito ligada à imagem de Bella Swan, a heroína da saga Crepúsculo, não convence como uma versão "menina superpoderosa" de Branca de Neve, que veste armadura, monta cavalos sem sela e empunha espadas. Sua atuação é um tanto anêmica, apesar de ela já ter provado ser capaz de bons desempenhos, em filmes como Na Natureza Selvagem e The Runaways As Garotas do Rock.
A sorte de Kristen é ter uma única cena em que se vê frente a frente com Charlize Theron, que quando surge na tela torna tudo mais interessante na trama, que tem elementos demais, e perde a oportunidade de mergulhar mais fundo no que interessa: a crueldade de fazer da beleza e da juventude os dois maiores atributos femininos, uma sina digna de filmes de terror, e não de contos de fada. GG1/2
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