O futebol e a classe trabalhadora

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Sabe aquele ditado que diz que religião, futebol e política não se discutem? O diretor inglês Ken Loach ignorou completamente a recomendação e uniu os dois últimos itens no filme À Procura de Eric (veja trailer e fotos), que estreia nos cinemas brasileiros após ser exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro passado.

Como nos longas anteriores deste filho de operários – entre eles, Ventos da Liberdade, premiado com a Palma de Ouro em Cannes, em 2006 –, a história gravita em torno do cotidiano dos trabalhadores de classe média baixa na Inglaterra. Desta vez, o protagonista é Eric Bishop (Steve Evets), um carteiro que não sabe como lidar com uma depressão causada pela história mal-resolvida com sua ex-mulher, a falta de dinheiro e as confusões em que se metem seus dois enteados.

Torcedor fanático do Man­chester United, no auge de seu desespero ele começa a receber a visita imaginária do maior astro da história do time, o francês Eric Cantona, vivido pelo próprio jogador, e passa a enxergar seus problemas pessoais pelos olhos de um Eric de feitos heroicos.

Nesta comédia de forte cunho político, o esporte, que une ho­­­mens do mundo todo no estádio ou diante da tevê, não é o "ópio do povo". Ao con­­trário: é uma metáfora da coletividade e da solidariedade, valores reprimidos em uma sociedade capitalista orientada por preceitos como o "salve-se quem puder". Sem frescuras, Ken Loach expõe a fragilidade de homens rudes, que raramente revelam suas emoções e, por isso, vai tocar a sensibilidade de homens e mulheres. (AV) GGGG