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“Hélio prepara a injeção, Dorica vem da cozinha com uma xícara de café bem quente. Noel, a cabeça no colo de Lindaura, parece dormir um sono profundo. Um fio de respiração é todo o vestígio de vida que há nele. Por pouco tempo, porém. A mãe já se despediu das visitas e agora está de pé na porta do quarto. Chega a tempo de ver aquele fio de respiração se extinguir. Pouco antes das onze da noite, no mesmo quarto em que veio ao mundo havia exatamente vinte e seis anos, quatro meses e vinte e três dias, morre Noel Rosa”.

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A última foto, dias antes de sua morte, publicada pelo jornal “A noite”
A capa da partitura de “com que roupa”
Noel em 1937.
Uma foto clássica.
Noel e o amor. Do livro “Noel Rosa, uma biografia”.
Noel malandro. Do livro “Noel Rosa, uma biografia”.
Auto-retrato em cores.
Quando eu morrer, não quero choro nem vela...
A morte de Noel ganho o noticiário de todos os jornais cariocas.
Vida breve, vida louca de Noel.
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Assim foram os últimos momentos do maior compositor da música brasileira, naquele 4 de maio de 1937, em uma velha casa na Vila Isabel, no Rio de Janeiro, de acordo com o relato de João Máximo e Carlos Didier no essencial livro “Noel Rosa, uma biografia” - obra à altura do mestre.

Noel é o mais moderno dos compositores brasileiros

Aldir Blanc em depoimento para o livro Noel Rosa – uma Biografia
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Noel morreu cedo, antes dos 30, vítima de tuberculose, mas deixou um legado incrível e de inconteste valia para a música brasileira: 239 composições foram criadas por ele, uma contribuição fundamental para fazer o samba descer o morro e conquistar a classe média. Com letras de simplicidade absoluta, fazendo uso da palavra com extraordinária propriedade e utilizando-se de um humor espontâneo, sem forçar a barra, conseguiu introduzir o estilo no rádio, principal meio de comunicação da época - fato de grande importância para a MPB.

Como todos os gênios, começou a criar cedo. Logo aos 19 anos, em 1930, já havia gravado a clássica Com que roupa - sucesso absoluto naquele ano e regravada dezenas vezes até hoje.

Além do bom humor, marca registrada em sua obra (vide Mulher Indigesta e Gago Apaixonado), Noel compôs também diversas músicas amorosas que evidentemente retratavam seus relacionamentos – durante sua curta vida ele namorou diversas mulheres e foi amante de outras tantas. Casou-se em 1934 com uma moça da alta sociedade, Lindaura, mas nunca escondeu sua paixão por Ceci (Juraci Correia de Araújo), a prostituta, sua amante por anos. Foi para ela que escreveu Dama do Cabaré e mais tarde, quando Ceci optou por ficar definitivamente com o rival Mário Lago, a obra-prima Último Desejo:

“Nosso amor que eu não esqueço / E que teve o seu começo / Numa festa de São João

Morre hoje sem foguete / Sem retrato e sem bilhete / Sem luar, sem violão

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Perto de você me calo / Tudo penso e nada falo / Tenho medo de chorar

Nunca mais quero o seu beijo / Mas meu último desejo / Você não pode negar

Se alguma pessoa amiga / Pedir que você lhe diga / Se você me quer ou não

Diga que você me adora / Que você lamenta e chora / A nossa separação

Às pessoas que eu detesto / Diga sempre que eu não presto / Que meu lar é o botequim

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Que eu arruinei sua vida / Que eu não mereço a comida / Que você pagou pra mim”

Escreveu ainda outras canções antes de sua morte, mas esta pode ser considerada uma espécie de “adeus”.

Um adeus genial e intenso como foram a vida, a obra e o legado de Noel Rosa.

Ouça algumas canções de Noel

1. Conversa de Botequim
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2. Com que roupa?
3. Filosofia
4. Felicidade
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5. Último desejo (última cena do filme Noel, o Poeta da Vila)