Alguns compensaram as limitações de orçamento com a criatividade. Outros tiveram dinheiro e trouxeram exposições de grande porte bem acolhidas pelo público. Também houve discussões e lançamentos de publicações fundamentais sobre a arte no Paraná. Esse é um resumo possível do que foi 2006 para as artes visuais no Paraná a partir das opiniões de cinco especialistas consultados pelo Caderno G. Leia abaixo o que eles disseram.
Para o crítico Paulo Reis, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), dirigido por Eleonora Gutierrez, estabeleceu uma "política cultural exemplar, na medida das possibilidades". O especialista elogia a atuação do conselho do museu na definição da programação e curadorias. O órgão é composto por Eliane Prolik, Geraldo Leão, Rosimeire Odahara, Denise Bandeira, Elizabeth Ditton e o próprio Paulo Reis. A instituição também promoveu discussões, algumas delas muito acaloradas, "mas que mostram uma abertura e envolvimento com o meio artístico, o que é positivo", como afirma o crítico.
Nas mostras, o MAC propôs novas leituras de acervo (como é o caso da Outros 60s, atualmente em cartaz), além de ter adquirido obras. "Salvo engano, o MAC comprou alguns desenhos de Raul Cruz. Que outra instituição se preocupou com as aquisições?", indaga Reis. O crítico cita ainda a exposição de Carina Weidle, Fábio Noronha, Gabriele Gomes e Lívia Piantavini montada no MAC como a "mais bacana atualmente na cidade". Outras iniciativas louváveis, segundo ele, vieram da Galeria Ybakatu, pelo lançamento da publicação PF e a participação de artistas de outros estados em suas mostras.
A crítica Maria José Justino também elogia o que chamou de "política criativa" nas curadorias do MAC. Destaca, da mesma forma, a atuação do Museu Oscar Niemeyer (MON). "Maristela Requião foi, para mim, uma boa surpresa. Assumiu a direção do MON e desenhou sua identidade. As exposições da instituição nos colocam no mapa cultural mundial. Curitiba hoje está no mesmo patamar de São Paulo, Paris, Nova Iorque, Berlim, Londres", argumenta, destacando as exposições Fluxus, Eternos Tesouros do Japão e mostras dedicadas aos artistas Antoni Tapies, Helena Wong, Daniel Senise, e Guido Viaro (da qual é curadora). Outra iniciativa elogiável, segundo a crítica, foi a a parceria entre a Casa Andrade Muricy e o Instituto Goethe, que trouxe a Curitiba a exposição da alemã Rosemarie Trockel, "uma artista extraordinária, que apresenta linguagem e técnicas diversas, mas mantêm um coerência nesse trajeto".
Para a professora e historiadora da arte Maria Cecília Noronha, o lançamento do primeiro volume do Dicionário das Artes Plásticas no Paraná, de Adalice Araújo, e a compilação de críticas de Ênnio Marques Ferreira no volume 40 Anos de Amistoso Envolvimento com a Arte foram de especial importância. "Há um problema bem sério na falta de literatura sobre a arte do Paraná. A documentação é muito pobre. Os eventos são passageiros e efêmeros. Em 2006, a colocação desses dois volumes é realmente fundamental pelo fato de tornar a arte paranaense mais transparente, delimitando as suas fronteiras. Nada foi mais importante que isso", afirma Maria Cecília.
Marco Mello, galerista da Casa da Imagem e historiador da arte, destaca a exibição da Coleção Gilberto Chateaubriand na mostra Um Século de Arte Brasileira, recém-aberta no MON. "É um panorama muito interessante de alguns momentos da arte brasileira", afirma. Elogia ainda as mostras Daniel Senise, Eternos Teasouros do Japão e Fluxus, todas no MON, embora sobre a última mantenha algumas reservas quanto à montagem.
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