Maratona
Só Voa Quem de Céu É Feito
Museu Paranaense. Hoje, às 20h30. Sessões nos dias 5, 6 e 7 de abril, às 20h30.
Para os Inocentes Que Ficaram em Casa
Museu Paranaense. Hoje, às 22 horas. Sessões nos dias 5, 6 e 7 de abril, às 22 horas.
Curityba Segundo Seus Vampiros 320 Anos Depois
Museu Paranaense. Hoje, às 23h59. Sessões nos dias 5, 6 e 7 de abril, às 23h59. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
Tarefa digna de um super-herói. Três peças em sequência na mesma noite. Em três noites seguidas, em dois fins de semana consecutivos. Entre elenco e produção, mais de 50 pessoas na equipe. São alguns números da maratona teatral que o diretor, ator e artista de rua Jota Eme está apresentando no Fringe, a mostra paralela do Festival de Curitiba, desde a última sexta-feira.
"Era para ser cinco, desisti de duas, senão ia ficar louco", explica. Jota Eme tem um jeito agitado e particular de produção. "Ficar parado embolora nossa arte. Eu gosto de botar fogo em tudo", diz.
Cada um dos espetáculos são bem diferentes entre si. O primeiro, Só Voa Quem de Céu É Feito, é um monologo com texto do poeta Júlio Almada e estrelado pelo diretor.
Depois, é a vez de Para os Inocentes Que Ficaram em Casa, uma reunião de textos poéticos do dramaturgo Mário Bortolotto, escritos nos anos 1980 e que estão sendo adaptados pela primeira vez para o teatro.
A peça tem música ao vivo no palco, a cargo do trio formado por Marcelo Oliveira (clarinete), Fredy Branco (vocal) e o percussionista Marcelo Chychy (percussão), além de efeitos multimídia. Conta ainda com um numeroso elenco de mais de 20 atores, entre profissionais e estreantes.
"Sempre dei espaço para pessoas que nunca tinham feito teatro, mas levam jeito para a coisa. Essas pessoas se descobriram e não param mais. Foi o que aconteceu comigo", lembra o artista, que chegou em Curitiba em 1979, aos 14 anos, vindo do norte do estado para fazer teatro. "A moeda corrente das produções Jota Eme é a amizade recíproca com as pessoas."
A peça que encerra o programa triplo é Curityba Segundo Seus Vampiros 320 Anos Depois, escrita pelo próprio autor como uma homenagem à cidade que o adotou. "O texto fala bem e mal de Curitiba e também de teatros, cinemas, lugares e artistas que já não existem mais", conta.
A ideia, segundo Jota Eme, é repetir a peça todo ano com o mesmo título, mas com uma homenagem (neste ano é para Dalton Trevisan), texto e ideias diferentes. As três peças têm codireção de Guilherme Durães e cenografia e preparação de elenco de Ronald Pinheiro.
Homem-Aranha
Em 27 anos de carreira, Jota Eme já participou de 50 peças e 35 filmes. Foi sócio do Teatro Lala Schneider e fez parte da histórica montagem de O Vampiro e a Polaquinha, na década de 90. "Fui do contrarregra até chegar a fazer o Nelsinho", lembra.
Há uns quatro anos, ele iniciou um trabalho como artista de rua. "Eu estava numa pior de grana. A única coisa que eu tinha era uma roupa do Homem-Aranha no armário, que sobrou do figurino de uma peça infantil", lembra.
"Decidi vestir a roupa e fazer uma estátua viva na Rua XV. Subi em cima de uma caixa de som e fiquei fazendo os gestos do Homem-Aranha. No primeiro dia, em uma hora e meia, ganhei R$ 36 e pensei: é por aí o negócio."
Jota Eme diz ter "o maior prazer e orgulho de estar sobrevivendo com este trabalho". Ele conta que chegou a ficar sete horas e meia trajado na Rua XV, seu "expediente recorde". "É algo como fazer ioga, uma coisa meio de faquir. Você não pode pensar em tomar água, ir ao banheiro e nem se preocupar com chuva ou calor", revela.