Beto “frita” o bolachão na cozinha de sua aldeia: a música como salvação| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Sorriso inarredável, gestos e pensamentos rápidos, Robert Amorim, o Beto Batata, costuma dizer que a música o salvou. Como? Vamos lá: Beto conta que está no ramo da gastronomia desde os 13 anos. De origem humilde, filho de um garçom e uma zeladora, seu primeiro emprego era tirar chopes perfeitos no balcão do restaurante Carretão, na rodoviária de Curitiba. Depois, carregou batatas e outros legumes do Ceasa para os mercados de uma cidade que não existe mais.

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Foi nessa época, já trabalhando como garçom, que Beto começou a fazer parte do universo da música e da noite, ajudando os artistas da orquestra Beppi e Seus Solistas a carregarem seus instrumentos depois dos concertos.

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Como aquele mundo era pequeno, Beto pegou a estrada e rodou o mundo. No Rio de Janeiro dos anos 1970 e 80, trabalhou em dezenas de lugares. Nos intervalos da rigorosa rotina dos bares e restaurantes, travou invejável intimidade com a nata da música brasileira. "Eu convivia com Mauro Senise, Maurício Carrilho, Noca da Portela, Luciana Rabello. Quem trabalha em restaurante convive com o bastidor dos músicos. E assim fui me educando", relembra.

Foi nesta época que ele percebeu que a música o salvara. "O que realmente importa é o que você faz com a diversidade que a vida te dá", filosofa. "Como eu não pude ir pra escola, foi a música que me formou. Aprendi a escrever com os versos das canções. Aprendi a me posicionar como homem vendo a postura da música contra a ditadura militar, protestando sem pegar em armas. É possível resistir com poesia", disse o empresário que, muitos anos e batatas suíças depois, se tornou um dos maiores incentivadores da música no país.

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