São dez segundos. Tempo suficiente para que seus pés comecem a mexer em ritmo alternado, já que eles não irão resistir a uma voz vibrante, quase um grito otimista, apoiado em um riff simpático de teclado e backing vocais femininos que cantam "Tudo bem, tudo bem". Sem falar dos metais que projetam a música de abertura do disco Escaldante Banda para alguma festa colorida dos anos 1960.
O grupo paulista Garotas Suecas, formado em 2005, lança seu primeiro álbum e traça um caminho paralelo aos da maioria das novas bandas em destaque da cena independente brasileira. Ao invés de usar o rock como linguagem principal e, a partir dele, começar a costurar referências do samba ao baião, do rock do Leste Europeu à valsa , o sexteto resgata a soul music, o funk e o rock psicodélico para construir um disco enérgico e urgente que chamou a atenção, inclusive, fora do país.
"A banda injeta frescor e referências atuais às suas influências", disse o jornal The Washington Post. "Se os Mutantes tivessem ouvido menos The Beatles e mais Seeds ou Otis Redding, poderiam ter soado como o Garotas Suecas", brincou a revista norte americana Spin. É tudo isso mesmo. "Não me lembro de nenhuma crítica gringa que não tenha sido positiva", diz o guitarrista e compositor Tomaz Paoliello.
O grupo também é formado por Fernando Machado (baixo), Nico Paoliello (bateria), Irina Bertolucci (teclados e voz), Guilherme Saldanha (voz) e Sérgio Sayeg (guitarra), o corresponsável pela inserção bem sucedida dos brasileiros nos Estados Unidos.
Sayeg trabalhou, de 2007 a 2009, na famosa loja Tropicalia in Furs, em Nova York, especializada em raridades da música brasileira, mais precisamente na fase psicodélica do rock nacional anos 1960 e 1970.
"Era um lugar inspirador. Todo tipo de música estava disponível na sua frente. Eu passava oito horas por dia ouvindo aquilo, foi uma experiência maravilhosa que nos influenciou muito", lembra Sayeg.
O Garotas Suecas o nome não tem maiores explicações, "só surgiu" já tinha algumas músicas prontas quando da viagem de seu guitarrista. Mas o disco de dez músicas poderia ter outras dez, segundo o músico. O processo de composição do primeiro álbum o Garotas já lançou três EPs foi fácil, já que todos compartilham dos mesmos gostos.
"Escutamos basicamente as mesmas coisas, todo mundo entrou nessa onda junto. Chegamos, naturalmente, nesse som que todo mundo curte ouvir", diz Tomaz.
"Abrazileirada"
O show no concorrido festival norte-americano South by Southwest, em 2008, foi a cereja do bolo internacional que o Garotas Suecas conseguiu. Ao todo foram cinco turnês, incluindo uma passagem pela Austrália. No disco, só há uma e ótima faixa em inglês.
O que pode, então, explicar o tamanho sucesso fora do país e a positiva crítica nacional em relação a Escaldante Banda? É a matriz do Garotas Suecas: música tradicionalmente norte-americana cheia de groove ouça os backing de "Mercado Roque Santeiro" e viaje à Nova Orleans , aliada à pitadas de Jovem Guarda, Tropicália, dos baixos de Tim Maia Racional e da esperteza de Jorge Ben. E são ouvidos até ecos da Vanguarda Paulista, movimento musical experimental da década de 1980. "Acho que sim, há espaço para fazer exatamente o que a gente faz e que tem gente afim de ouvir isso", finaliza Tomaz.
Ouvir Escaldante Banda é como estar em uma festa ao ar livre, com o sol a pino, mas com uma brisa agradável e intermitente no rosto. GGGG
Serviço:
Escaldante Banda. Garotas Suecas. Rock. Preço médio: R$15 (CD) e R$ 30 (vinil).
Na internet:
www.bandagarotassuecas.com.brwww.myspace.com/garotassuecas
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