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Aos 63 anos, João Bosco dá frescor à MPB: em acordes que vão do samba ao jazz | Divulgação
Aos 63 anos, João Bosco dá frescor à MPB: em acordes que vão do samba ao jazz| Foto: Divulgação

Raio x

Saiba mais sobre a história musical de João Bosco

1958

Ganha um violão verde e forma seu primeiro conjunto de rock: o X_GARE.

1967

Conhece o poeta Vinicius de Morais e com ele compõe algumas músicas.

1970

Conhece o poeta Aldir Blanc. Tornam-se parceiros em mais de uma centena de músicas.

1972

Conhece Elis Regina, que grava "Bala com Bala", música da parceria Bosco-Blanc.

1973

Muda-se para o Rio de Janeiro e grava seu primeiro LP pela RCA Victor.

1979

Lança Linha de Passe, que contém "O Bêbado e a Equilibrista". Conhecida como o hino da anistia política, foi gravado por Elis Regina e escolhida entre as 14 canções brasileiras do século.

1983

João Bosco faz sua primeira apresentação internacional. Era a "Brazil Night", no 17º Festival de Montreux, na Suíça.

1992

Lança João Bosco Acústico MTV, pela Sony Music.

2006

Lança CD e DVD Obrigado, Gente, gravado ao vivo no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

Para ouvir o João Bosco versão 2009, é preciso silêncio dos mais insistentes. Seu dedilhado ao violão nunca esteve tão perto de João Gilberto e suas letras jamais foram tão precisas. Em Não Vou pro Céu, Mas Já Não Vivo no Chão (Universal), seu novo disco, João é cool.

"A ideia é do Francisco Bosco (filho do músico). Quando ele ouviu, disse que devia deixar as canções se revelarem de uma ma­­neira mais pura, mais limpa. Deixá-las fluirem naturalmente. Por isso elas têm essa sonoridade", disse João Bosco, por telefone, à Gazeta do Povo.

Outro fato dá ainda mais importância ao novo disco, que retira o mineiro do exílio musical de seis anos – o último trabalho inédito havia sido Mala­ba­ris­tas do Sinal Vermelho (2003): a re­­tomada, depois de 20 anos e 100 músicas, da parceria com o amigo e ex-desafeto Aldir Blanc. De­­pois de clássicos como "O Bêbado e a Equilibrista", "Kid Cava­qui­nho" e "Corsário", agora são quatro as músicas assinadas pela dupla: "Mentiras de Ver­dade", "Plural Singular", "So­­nhos de Caramujo" e a densa "Na­­valha".

"Nós retomamos a amizade há algum tempo. A gente vem se encontrando, tomando uma cerveja. É negócio de amizade mesmo, não tem como. Já fomos parceiros intensos, exclusivos e profundos. Não é possível que a ami­­zade seja retomada e o samba não", explicou Bosco.

Além de Blanc, o sambista-malandro Ney Lopes, o jovem parceiro Carlos Rennó e o filho Francisco ajudam a assinar as outras nove faixas. Baseadas em samba-canção tradicional, a música de João Bosco se desdobra deliciosamente também em bossa ("Tanto Faz") e no cool jazz ("Jimbo no Jazz"), esta em que homenageia Ray Charles, lembrado nos vocais que abrem a canção. Tido Madi, Orlando Silva, João Donato, entre outros, também estão no disco, seja em acordes-referência ou versos explícitos.

"Pensei nesse disco tal como ele está gravado. Inicialmente era para ser só voz e violão (assim são sete das 13 faixas) no disco todo. Para mim foi uma experiência nova porque foi praticamente uma gravação ao vivo. E rápida, porque já estava muito bem relacionada com essas canções", disse o músico. Foram apenas seis dias para arrematar todo o álbum.

Há algo de tenso em Não Vou pro Céu.... Os títulos das faixas ajudam a reforçar isso e a hipótese é confirmada quando entramos no universo que João Bosco explora.

"Eu tenho o pé no chão/ e o co­­ração no ar", canta o mineiro em "Alma Barroca". "Não-ser virando ser" é o que traz "Plural Singular". "O sol/ o mar acende, prateado, quase glacial", é o que exclama em "Sonho de Cara­mujo". "Elas são de parceiros diferentes, mas dialogam entre si, as músicas têm afinidade. Conversando sobre is­­so com algumas pessoas, percebi que elas vão tendo ideias poéticas e descobrindo as músicas de ma­­neira pessoal", diz Bosco, que com­­pletou 63 anos no último dia 13.

O fato de lançar um disco au­­toral e coeso – a forma com que toca violão é genuína e in­­con­testável e suas letras estão milhas acima da média nacional da MPB –, o faz se destacar novamente perante vários artistas de sua geração, que relançam ál­­buns empoeirados ou se expõem de maneira desnecessária em dis­­cos ao vivo. Mas nada disso passou pela cabeça de Bosco.

"Não pensei nisso porque fiz o meu ofício. O compositor tem que compor, o escritor tem que escrever e o pintor tem que pintar. Temos sempre que estar preparados para uma ideia inédita. Elas surgem sem avisar", diz.

Com o novo disco, sua história na música brasileira – que começou com João Bosco (1973) – ganha um capítulo especial. Para o músico, a ideia de nação e da própria cultura brasileira devem ser lembradas por quem faz música por aqui. "Temos que saber a história da MPB e construir a nossa a partir dela", aponta.

Antes de lançar oficialmente o novo trabalho, com shows pelo Brasil no final de setembro, João Bosco parte para a Europa, onde, como convidado, participa da gravação do disco da NDR, uma big band alemã. Serão 16 músicas de Bosco e três de Tom Jobim no repertório.

Sobre espetáculos em Curi­tiba, é só esperar. "Com certeza. Esse Guaíra aí tem história." GGGG

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