James Hetfield, vocalista do Metallica, empolgado em “Master of Puppets”: thrash metal com efeitos especiais e muita pirotecnia| Foto: Divulgação

Lançamento

Metallica Through the Never (Music from the Motion Picture)

Metallica. Universal Music. R$ 42,90 (standard) e R$ 76,90 (digipack deluxe). Thrash Metal.

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Com mais de 30 anos de estrada, o Metallica há um bom tempo habita o panteão das megabandas de "arena", ao lado de Rolling Stones, U2, Iron Maiden, Kiss, AC/DC e mais uma ou outra que ainda consegue fazer turnês com palcos gigantes, lotando estádios ao redor do mundo. Com direito inclusive a muita pirotecnia, efeitos especiais e tecnologia de ponta – para desgosto dos fãs mais radicais, que parecem sentir falta da época em que o quarteto californiano era "cru e tosco", e enfrentava o público só com a cara, coragem e o talento que os levou a popularizar o thrash metal ao redor do mundo.

A banda acaba de reafirmar esse status com o filme Metallica: Through the Never, que estreou no mês passado nos cinemas. Trata-se de um registro em 3D de trechos de shows do grupo em Vancouver e Edmonton, no Canadá, inseridos em um "arco dramático" – uma historinha apocalíptica que se passa durante o concerto.

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A parte ficcional (a saga do roadie enviado para buscar um equipamento, e que de repente se vê no meio de uma sangrenta revolta urbana) não tem pé nem cabeça, e não faria nenhuma falta ao "filme". O que interessa mesmo é a impressionante performance do grupo, que "quebra tudo" nas 16 músicas, em um palco magnífico, com direito a "ataque de helicópteros", cruzes luminosas (durante "Master of Puppets"), uma cadeira elétrica atingida por raios (em "Ride the Lightning") e à montagem – e destruição subsequente – de uma gigantesca estátua da Justiça (durante "...And Justice for All").

O registro fiel desse show acaba de ser lançado em álbum duplo pela Universal Music. Quem não assistiu ao filme pode estranhar um pouco as "falhas" e interrupções – como quando James Hetfield deixa de cantar um trecho de "Ride the Lightning", na hora dos raios na cadeira elétrica, ou o encerramento brusco de "Enter Sandman", justificado no filme pela queda de torres de iluminação e panes elétricas.

Mesmo assim, é um belo registro ao vivo da banda, que aparece avassaladora nas 16 faixas (oito em cada disco). E deve agradar até aos fãs mais exigentes, já que há apenas duas músicas do período mais criticado da carreira do grupo – entre os álbuns Load (1996) e St. Anger (2003): "Fuel" e "The Memory Remains", ambas pinçadas do controverso Reload (1997). O restante é Metallica "das antigas": "Hit the Lights", de Kill’em All (1983); "Creeping Death", "For Whom the Bell Tolls" e "Ride the Lightning", de Ride the Lightning (1984); "Orion", "Battery" e "Master of Puppets", de Master of Puppets (1986); "One" e "…And Justice for All", de …And Justice for All (1988); e "Wherever I May Roam", "Nothing Else Matters" e "Enter Sandman", do "black album". Completam o disco "The Ecstasy of Gold" – composta por Ennio Morricone para o filme Três Homens em Conflito, e usada como introdução pelo Metallica desde 1983 – e "Cyanide", a única música recente, de Death Magnetic (2008).

Quando sair em DVD, Through the Never será ainda melhor, já que será possível identificar os incidentes ao longo da performance. De qualquer maneira, como diz James Hetfield antes de "Hit the Lights", depois de o palco ser quase destruído por explosões e curto-circuitos: o Metallica não precisa de todas essas "extravagâncias".