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A fragilidade do homem contemporâneo é um dos temas mais recorrentes da ficção na atualidade. Dos livros do escritor britânico Nick Hornby à série de tevê Nip/Tuck, passando por filmes como "Alfie – O Sedutor", "Embriagado de Amor" e "Sideways – Entre Umas e Outras", a condição masculina chegou à indústria cultural e nunca foi tão discutida.

Em cartaz a partir de hoje nos cinemas, "O Virgem de 40 Anos" também trata desse assunto até então espinhoso. Mas, aqui, não existe espaço para sutilezas ou cabecismos. O longa, um dos maiores sucessos do ano nas bilheterias americanas, é uma comédia escrachada como há tempos não se via, capaz de fazer rir do início ao fim.

O responsável por essa boa surpresa é o ator, roteirista e produtor Steve Carell, mais conhecido por roubar a cena de Jim Carrey em "Todo Poderoso". É dele a melhor cena do filme, na qual Carrey, já dotado de poderes divinos, sabota o telejornal apresentado por seu personagem, fazendo-o dizer palavrões e outras sandices no ar. Graças ao êxito de "O Virgem de 40 Anos", Carell será o astro da seqüência de "Todo Poderoso", na pele do próximo mortal escolhido por Deus para administrar a Terra.

Comediante nato, herdeiro do timing do genial Steve Martin, Carell interpreta Andy Stitzer, o tal sujeito que, apesar da idade, nunca transou. Tímido ao extremo, ele leva uma vida solitária, dividida entre o emprego como estoquista de loja e os hobbies tipicamente nerds cultivados em casa. Meio que por acaso, Andy começa a sair com os colegas de trabalho, uma turma cuja conversa é praticamente centrada em sexo. Pressionado a narrar suas conquistas amorosas, o pobre coitado acaba revelando sua total inexperiência na matéria.

Começa então uma verdadeira operação para tirar a virgindade de Andy. Mas, por mais que os amigos se mobilizem para ajudá-lo, nada acontece. Enquanto isso, o espectador é brindado com uma série situações hilariantes, como a seqüência em que o protagonista enfrenta uma sessão de depilação oriental para perder o visual "lobisomem". Ou a cena na qual o quarentão, disposto a experimentar o prazer solitário, cria todo um clima para assistir a um vídeo pornô – com direito a iluminação com velas e "Hello", clássico romântico de Lionel Ritchie, no CD player.

O jogo só se reverte quando Andy conhece Trish (Catherine Keener, de "Quero Ser John Malkovich"), uma mãe solteira de bem com a vida. Ao "descobrir o amor", o personagem – uma metáfora exagerada do homem sexualmente reprimido – entende que sua incapacidade de se relacionar é fruto da própria insegurança, e mergulha fundo na nova experiência. Simples assim, apesar de todo o tormento. Coisas do macho moderno...

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