O lado negro da força

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Harry Potter e o Cálice de Fogo, em cartaz a partir de hoje no Brasil, é o Império Contra-Ataca da série do bruxo mirim. Como o segundo filme da saga Guerra nas Estrelas, o novo longa baseado na obra de J.K. Rowling carrega nas tintas sombrias e na idéia da "perda da inocência". Desta vez, um Harry adolescente descobre as garotas, encara a morte de perto e assume, definitivamente, a responsabilidade que está por trás de seus poderes mágicos.

Em seu quarto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwards, o garoto da testa marcada é misteriosamente escalado para o Torneio Tribruxo. Trata-se de uma competição internacional da qual participam alunos mais velhos e de outros colégios similares. Baseada em provas que põe em risco a vida dos jogadores, a disputa em nada lembra a alegria das partidas de quadribol.

Mas essa é apenas uma das tramas de O Cálice de Fogo, que, em seu miolo, apresenta um baile juvenil e multiétnico, organizado para promover o encontro entre os estudantes das escolas competidoras. Aqui, o filme quase vira uma novelinha, com desdobramentos típicos da Malhação.

Harry (Daniel Radcliffe) vai à festa acompanhado de uma menina indiana, porém não tira os olhos de uma colega chinesa (pelo visto, ele curte as orientais). Enquanto isso, o bobalhão Rony (Rupert Grint) esboça ciúmes da amiga Hermione (Emma Watson). Ao fundo, uma banda de rock interpretada por membros dos grupos britânicos Pulp e Radiohead dá um toque de atualidade ao universo um tanto cafona criado por Rowling.

A parte mais importante para a condução da saga, no entanto, está mesmo na aparição do famigerado vilão Voldermort (Ralph Fiennes, mascarado e sem nariz). Uma presença tímida, é verdade, mas que dá o gancho para o próximo filme da série – Harry Potter e a Ordem de Fênix, previsto para 2007. No mais, é a mesma fórmula de sempre: objetos falantes, personagens que aparecem e somem, malvados transformados em bonzinhos (e vice-versa)...

Como o livro, o quarto da série, tem cerca de 800 páginas, o diretor Mike Newell (Quatro Casamentos e um Funeral) até que se sai bem na tarefa de condensar tantas subtramas. A idéia inicial do estúdio era dividir o longa em duas partes, mas o cineasta preferiu não se arriscar.

O grande mérito de Newell, contudo, é conferir uma certa unidade visual ao filme, marcado por mudanças bruscas de ambientação e efeitos especiais em profusão. De resto, é mais uma produção voltada para os fãs. E estes não vão se decepcionar. GGG