No momento em que Reese Witherspoon arranca uma grande unha do dedo do pé ensanguentado na cena de abertura de seu novo filme Wild (selvagem) fica claro que a atriz vencedora do Oscar tomou nova direção.
Pode ser o melhor movimento que ela fez nos últimos tempos, dando à normalmente bonita e alegre Reese a chance de interpretar uma mulher crua e com raiva que se aventura quilômetros adentro pela selva por conta própria, com uma bagagem enorme para fazer uma única coisa: salvar a si mesma. A história é real e baseada no livro de memórias de Cheryl Strayed, um best seller.
Wild, do diretor Jean-Marc Vallee, exigiu que os espelhos no trailer de maquiagem fossem cobertos, para evitar que Reese não soubesse como estaria sua aparência sem a maquiagem.
"Foi duro, eu nunca me vi em um filme como esse antes", disse Reese antes da exibição Festival Internacional de Cinema de Toronto na segunda-feira.
Em festival com muitas figuras masculinas fortes e poucas femininas até agora, Reese pode receber grande parte do crédito por tornar possível este papel: ela contatou Cheryl diretamente para comprar os direitos do filme depois de ler o livro antes da publicação.
"Eu só sabia que seria um dos livros mais importantes da minha vida", disse a atriz e produtora de 38 anos.
Reese, que ganhou o Oscar de melhor atriz por seu papel em 2005 como June Carter em Johnny e June, prometeu a Cheryl que faria o filme rapidamente e não o deixaria "definhar em Hollywood".
Autodestruição
Juntas, elas alinharam uma equipe para o projeto que causaria inveja a muitos: Vallee, o diretor franco-canadense que havia acabado de fazer o aclamado Clube de Compras Dallas e o roteirista britânico Nick Hornby. Ironicamente, os dois homens dizem que têm aversão por caminhadas.
Embora grande parte do filme seja focada em Cheryl e a solidão da cansativa trilha Pacific Crest, há também a história de fundo que a fez desembocar ali, apresentada em flashbacks.
Cheryl perdeu sua mãe, interpretada por Laura Dern, vítima de um câncer. A protagonista então trai seu marido tendo relações sexuais com estranhos e passa a usar heroína. Divorcia-se e sai em uma jornada para a qual está lamentavelmente despreparada.
Fica sem comida e água, perde as botas e fica coberta de feridas. Mas entre sua bravura e a bondade de estranhos, ela aguenta 94 dias.
Depois de uma apresentação no Festival de Cinema de Telluride, no mês passado, o crítico do New York Times A. O. Scott a chamou de "uma heroína feminista empolgante e crível" e os especialistas especularam que Reese poderia ganhar uma indicação ao Oscar de melhor atriz.
E para aqueles que têm sugerido que Wild é um "filme "de mulherzinha" ("chick flick"), Vallee respondeu na segunda-feira: "Filme água com açúcar, uma ova."
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