
São Paulo - O fotógrafo, produtor de cinema e diretor Thomaz Farkas, que na década de 1940 foi um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirantes, em São Paulo, iniciativa que foi um marco da fotografia moderna brasileira, morreu na última sexta-feira, aos 86 anos, de falência múltipla de órgãos. Ele havia recebido, no dia anterior, alta do Hospital Sírio-Libanês, onde estava internado por causa da longa enfermidade. Morreu na casa de sua família.
Nascido em Budapeste, na Hungria, em 17 de outubro de 1924, Farkas emigrou para o Brasil em 1930 naturalizou-se brasileiro em 1949. Seu pai foi sócio-fundador da loja Fotóptica, em São Paulo, uma pioneira no ramo fotográfico no Brasil, levada adiante por Thomaz.
Em janeiro último, ele inaugurou no Instituto Moreira Salles de São Paulo a mostra Uma Antologia Pessoal (ainda em cartaz), reunindo 40 anos de sua produção fotográfica. Afirmava que a fotografia era, para ele, "o melhor jeito de aproveitar a vida".
A entrada para o Foto Cine Clube Bandeirantes, em 1942, foi importante para Farkas, pois foi nas décadas de 1940 e 50 que ele se dedicou a um período de experimentações com o preto e branco, criando uma nova linguagem de investigação formal "sintonizada com as vanguardas históricas", como já definiu o crítico Rubens Fernandes Junior.
Mas, apesar de uma vasta produção fotográfica (são emblemáticas as imagens que realizou da construção de Brasília) e de um denso trabalho de incentivo à fotografia ele projetou em 1950 o laboratório fotográfico do Masp, além de ter participado dos primórdios da fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo e de ter tido a Galeria Fotóptica; apenas na década de 1990 ele teve um devido reconhecimento como criador de imagens.
A exposição Thomaz Farkas: Uma Antologia Pessoal, que fica em cartaz até 3 de abril, é uma boa introdução ao universo do fotógrafo. Muitas das imagens da mostra são inéditas e foram escolhidas pela equipe do IMS e os filhos, João e Kiko, entre as 34 mil fotos que integram em comodato o acervo do instituto. Elas estão no livro que dá título à mostra (à venda por R$ 85).
Cinema
Thomaz Farkas foi também um grande produtor de documentários. Em 1968, ele criou a Caravana Farkas, com o intuito de percorrer regiões distantes do Brasil ao lado de outros profissionais e fazer filmes sobre culturas populares brasileiras. A empreitada originou uma série de curtas e médias-metragens. É histórica a viagem que realizou em 1975, pelo Rio Negro, ao lado do compositor Paulo Vanzolini e do cineasta Geraldo Sarno. O grupo preparava na ocasião material para a realização do que seria o primeiro longa-metragem da caravana.
A Videofilmes lançou uma caixa com sete deles produzidos pelo fotógrafo nas décadas de 1960 e 1970, que trazem entrevistas e curtas com sua participação. A caixa reúne documentários raros, como a estreia do diretor Paulo Gil Soares, Memória do Cangaço, produção que ganhou o prêmio Gaivota de Ouro do Festival Internacional do Filme, em 1965. Outros realizadores produzidos por Farkas que estão na caixa são Geraldo Sarno e Maurice Capovilla, além do próprio, que assina a fotografia de filmes como Trio Elétrico, de Miguel Rio Branco.
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