Não é preciso saber que o Espanca! é um dos grupos brasileiros mais inventivos desta geração, nem considerar que sua diretora, Grace Passô, acertou ao armar a parceria com o argentino Daniel Veronese que resultou neste "O Líquido Tátil", apresentado ontem no Teatro Paiol e com reprise hoje às 21 horas.
A plateia, formada em grande parte por artistas locais, riu alto em vários momentos e aplaudiu acaloradamente ao final. Mesmo Breno Diegues, de 15 anos, saiu comentando: "Ela atua muito bem", referindo-se ao papel de Grace como a atriz Nina Hagenke.
O garoto veio de Guarapuava com uma caravana de escola proposta pela professora de História e aproveitada pela mestre de Artes. Mylena Barbosa, de 14 anos, nunca havia ido ao teatro. Saiu entusiasmada, com boa impressão. Um espectador futuro a mais, parabéns, professora.
Na peça mineira, o público entra enquanto os três atores além de Grace, Marcelo Castro e Gustavo Bones encaram a plateia insistentemente. Logo iniciam um jogo rápido em que um casal se enfrenta sobre questões do passado tendo por mediador o irmão dele.
O marido é "apaixonado por teatro", mas traumatizado pelo cinema, argumento que permite ao grupo enveredar pelo confronto das duas linguagens. Aqui o cenário encontra protagonismo, escancarando a efemeridade das artes cênicas.
O texto e a encenação são bastante influenciados pelo absurdo, escolha que confere comicidade na abordagem de temas essenciais como a sexualidade, a relação a dois e rememoração da própria vida.Breno tem razão: Grace é magnética e foi um prazer vê-la em cena. Pena que os ingressos estejam esgotados. E sim, professora de Artes, a senhora escolheu bem onde levar seus alunos.
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