O grupo catarinense Teatro Sim... Por Que Não?!!! apresenta-se hoje e amanhã na Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba, para contemplar um gênero exclusivamente brasileiro: o circo-teatro. A obra é E o Céu Uniu Dois Corações, considerada o texto mais encenado do teatro nacional. Escrito por Antenor Pimenta nos anos 40, o espetáculo deverá comover a platéia por meio de seu uso exaltado de recursos cênicos para contar uma história melodramática.
"É, também, uma releitura do circo, uma transcrição em que a gente acaba homenageando essa manifestação", explica a diretora paulista Neyde Veneziano. Não se trata, contudo, de um circo de atrações, como aquele que envolve malabarismo, saltos fantásticos ou números com animais, mas de uma vertente que aproximou o circo do teatro. "Era a segunda parte do espetáculo, quando as companhias montavam um palco e os grupos apresentavam seus números", comenta a diretora.
Neyde se refere ao circo-teatro, surgido no Brasil na primeira metade do século passado. À época, diante da escassez de casas de espetáculos no interior, o circo preenchia tanto a sua função original quanto a de teatro popular. Realizado em condições paupérrimas, sem cenários, com figurinos humildes e atores precários, a atividade conquistou seu espaço perante o público e ganhou identidade, nas suas características bastante peculiares.
O palhaço Benjamin de Oliveira foi um dos pioneiros. Começou narrando contos de fadas teatralizados, chegando, até mesmo, às apresentações de maior porte, como a montagem da opereta A Viúva Alegre. Antenor Pimenta com seu Circo-Teatro Rosário foi um dos mais bem sucedidos. Era rigoroso com o desempenho dos atores e com as questões técnicas. Escrevia adaptações, como a de O Vento Levou, partindo do cinema, e textos próprios, como é o caso de O Céu Uniu Dois Coreções. A simplicidade do enredo, expresso por uma simbologia peculiar, exaltava as emoções.
Os contornos de O Céu... dão uma idéia do que se trata. A história é sobre Neli um moça que, ainda criança, presenciou a prisão do pai, injustamente acusado de ter praticado um crime. Criada pela avó cega, a menina torna-se jovem transpondo um mundo de dificuldades. O amor também não ajuda. Seu amado é Alberto, enteado de De La Torre, o verdadeiro responsável pelo crime injustamente atribuído ao pai de Neli.
A peça que será apresentada hoje recebeu alguns cortes, e, ao contrário do que se pode supor, não será cantada. Segundo Venezino, como em todo melodrama, a emoção virá da exacerbação das emoções em grandes movimentos. "O melodrama é uma versão mais popular do drama. Tem que pegar o público rapidamente, não tem muitas discussões filosóficas e usa música e toda uma simbologia para emocionar", afirma a diretora.
O ator Nazareno Pereira, que interpreta De La Torre, explica que o trabalho de atuação em melodramas pede o que o meio teatral chama de over, a extrema exaltação das emoções por meio da impostação de voz e de movimentos exagerados do corpo. "No começo foi estranho ter de lidar com isso, mas acabamos nos acostumando.
Serviço: E o Céu Uniu Dois Corações. Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299), (41) 3360 -5066. Hoje e amanhã, às 20h30. R$ 24 e R$ 12. Informações: www.festivaldeteatro.com.br.
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