O Movimento Armorial representa a maior contribuição de Ariano Suassuna à teoria da cultura brasileira. Tal fato torna-se cada vez mais evidente, à medida que os juízos da crítica são submetidos ao esmeril do tempo e as realizações do Movimento são analisadas numa perspectiva histórica (menos apressada e mais consistente), gerando teses, livros e documentários, no Brasil e no exterior.
Idealizado por Suassuna com o objetivo de procurar uma arte erudita a partir das nossas raízes populares, e de combater, assim, o processo de vulgarização da cultura brasileira, o Movimento foi lançado no Recife, em 18 de outubro de 1970, através de uma exposição de artes plásticas e de um concerto musical. O programa do concerto trazia o texto "Arte Armorial", de Suassuna, contendo as primeiras explicações acerca do nome escolhido para batizar o Movimento e de suas intenções gerais.
Lançado o Movimento, Suassuna começa a sistematizar a sua base teórica, através de artigos, entrevistas, conferências, catálogos de exposições, etc. Durante quase dois anos (dezembro de 1972 a junho de 1974), ele assinou uma coluna semanal, no extinto Jornal da Semana, que lhe serviu para tratar do tema com a freqüência necessária à sua rápida divulgação nos meios intelectuais recifenses. No ano em que encerrou a coluna, toda a base teórica até então por ele estabelecida foi reunida no livro O Movimento Armorial, editado pela UFPE. É neste livro que se encontra, por exemplo, a primeira definição da arte armorial, ligando-a ao espírito mágico dos "folhetos" do romanceiro popular nordestino, à música de violas, rabeca ou pífano que acompanha seus cantares e à xilogravura que ilustra suas capas.
Suassuna explica, no livro, os princípios da arte armorial aplicados a vários gêneros artísticos a pintura, a escultura, a música, o teatro, o cinema, etc. Suas reflexões partem das obras dos artistas armoriais e das obras de outros artistas de sua predileção, nas quais vai encontrar as características que o entusiasmavam e iam balizando os seus sonhos de escritor com o círculo de giz do real.
Toda a teoria armorial baseia-se numa visão de beleza oposta à visão clássica, isto é, àquela visão que identifica "beleza" com "belo" e não considera legítimas as categorias de beleza ligadas ao feio e ao desarmonioso. O que Suassuna defende é uma visão democrática da beleza, menos racional e mais orgânica, que se afaste do princípio da autonomia da arte para abraçar o princípio da integração, tão presente em manifestações artísticas de ciclos culturais pré-clássicos e anticlássicos, e que, na tradição do pensamento ocidental, são tachadas de "exóticas" ou "primitivas".
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