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É no quarto que dormimos, choramos, rimos, fazemos sexo, somos nós mesmos, sem máscaras. Por isso, este espaço de intimidade foi escolhido para ser palco de pequenas situações em que se apresenta o desmoronamento das fronteiras entre a individualidade e o mundo ao redor.

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Elas estão contidas nos espetáculo O Quarto – Ensaio Sobre a Intimidade dos Corpos, que estréia hoje, às 21 horas, no Teatro Novelas Curitibanas, após uma temporada em Lisboa, no início do ano.

"O quarto é uma metáfora para os dias de hoje, em que as pessoas vivem ilhadas e, ao mesmo tempo, conectadas com o mundo", diz a diretora Olga Nenevê. O velho teatro de madeira, com inúmeras portas e janelas, é a casa perfeita para a pequena cama de solteiro amarela, único objeto de cena.

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Os atores Ana Reiman, Eduardo Giacomini, Fernando de Proença, Geane Saggioratto, Luciana Navarro e Ronie Rodrigues revezam-se para encenar uma narrativa não-linear, formada por quadros que apresentam estados de alma, perpassando as idéias de intimidade, solidão e sexualidade. "É uma reflexão sobre os dias de hoje, em que as pessoas sentem-se aprisionadas, mesmo acompanhadas ou em lugares públicos", diz a diretora.

Para expressar esses sentimentos, a companhia Obragem foi buscar elementos da dança contemporânea, incorporados desde a concepção do espetáculo. Como a trilha sonora, composta pelo baixista José Boldrini, Olga escreveu o texto a partir da improvisação e dos movimentos elaborados coletivamente durante os ensaios.

As idéias que inspiraram o espetáculo se concretizam no "peso e nos lugares do corpo, na carne trêmula, no erotismo materializado", explica Olga. Se a matéria manifesta as inquietações do espírito, nada melhor do que fazer uso da movimentação da dança contemporânea para compor a dramaturgia teatral.

Aliás, dança, teatro e música são elementos que se interagem constantemente no trabalho de investigação do grupo. Desta vez, também há espaço para as artes plásticas. Pinturas de Edward Hooper, Gustav Klint e Blathasar Balthus relacionam-se com o corpo dos atores. "São artistas que refletiram sobre a intimidade, o espaço urbano e o privado", conta Olga.

Para criar músicas intrínsecas ao restante da montagem, Boldrini utilizou sons captados nos ensaios como, por exemplo, a voz dos atores e as instruções da diretora. Por isso, não estranhe se, no meio da apresentação, ouvir frases como: "Pára! Vamos começar de novo". "Mostrar o processo de criação em cena também é um conceito da dança contemporânea", conta a diretora.

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Serviço: O Quarto – Ensaio, Sobre a Intimidade dos Corpos. Teatro Novelas Curitibanas (R. Carlos Cavalcanti, 1.222), (41) 3321-3358. 5.ª a sáb. às 21h e dom. às 19h. Ingresso é uma lata de leite em pó. Até 3 de junho.