Renata Chemin é uma das atrizes que interpretam Macabéa e a cartomante: estilo contemporâneo| Foto: Marco Techio/Divulgação

O público será o personagem principal nesta adaptação de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Desenvolvida dentro da escola Pé no Palco (R. Conselheiro Dantas, 20 – Rebouças), mas com elenco misto entre alunos de nível avançado e profissionais, a peça será apresentada nesta sexta e sábado e depois sofrerá modificações de acordo com a recepção da plateia para então, voltar ao cartaz durante o Festival de Curitiba de 2012 (que acontece de 27 de março a 8 de abril).

CARREGANDO :)

"Esse é um processo bem experimental, então queremos perceber a reação das pessoas", conta a diretora Vanessa Corina, que se profissionalizou na Pé no Palco e já montou Meu Sonho É Participar de um Filme de Pedro Almodóvar, com texto de Luiz Felipe Leprevost e foco no universo feminino.

Para ela, o romance trágico de Clarice encerra uma das histórias mais bonitas da autora. Na trama, a datilógrafa nordestina Macabéa chega ao Rio de Janeiro, onde sofre com desilusões e sua inadequação. Doente, procura uma cartomante que lhe prediz um futuro feliz, com direito a um loiro estrangeiro. Ele chega, mas de uma forma diferente da imaginada.

Publicidade

O livro, penúltimo publicado em vida pela escritora brasileira que primeiro adotou o fluxo de consciência, tem grande relevância no cenário da literatura nacional. Um de seus destaques é a presença de um narrador que se apresenta como escritor e reflete ao longo do texto sobre a profissão.

Na peça, esse personagem é bastante valorizado, e vivido por todos os integrantes do elenco – uma das escolhas que retiram o realismo da obra, conferindo-lhe tons contemporâneos. "O resultado é lúdico, poético e sensível", define a diretora.

Na trilha sonora, a opção é por músicas brasileiras de raiz e cantigas. Se nesta versão inicial são usadas gravações, a proposta para a reestreia do ano que vem é ter músicos no palco.

Mostra

A Pé no Palco está também com diversas peças de alunos em cartaz. Um dos destaques é Tribobó City, que será apresentada no domingo e conta um bang-bang moderno. Outras são Bailei na Curva, com direção de Maíra Lour e Pedro Bonacin, e Morte e Vida Severina, com texto de Ariano Suassuna e direção de Fátima Ortiz e Douglas Sartori. A mostra vai até o dia 11 de dezembro.

Publicidade