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O novo disco traz o Sepultura com Derrick Green (vocal, à esq.), Paulo Jr. (baixo), Andreas Kisser (guitarra) e Eloy Casagrande (bateria) | Melissa Hummel/Divulgação
O novo disco traz o Sepultura com Derrick Green (vocal, à esq.), Paulo Jr. (baixo), Andreas Kisser (guitarra) e Eloy Casagrande (bateria)| Foto: Melissa Hummel/Divulgação
  • CD -The Mediator between Head and Hands Must Be the Heart- Sepultura. Substancial Music. R$ 28,90. Metal.

O novo álbum da banda Sepultura traz no título uma frase inspirada no famoso filme futurista Metrópolis, de Fritz Lang: The Mediator between Head and Hands Must Be the Heart – em português, "o mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração". É o ponto de partida para a visão pessimista que perpassa todo o álbum, o 13.º da carreira do grupo formado em Belo Horizonte (MG).

Conforme explica Andreas Kisser, compositor das letras (todas em inglês) ao lado do vocalista Derrick Green, o filme prenunciou uma desumanização que estaria sendo vivida no mundo contemporâneo. "Ele mostra uma sociedade robotizada. E é o que vemos acontecendo hoje. Sem o coração, a parte humana, você se torna um robô e perde a capacidade de ser livre e agir", explica o guitarrista, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.

É esta a ideia implícita nas denúncias de "Manipulation of Tragedy": "Eles têm um interesse/ Aprender, obedecer, mas não pensar/ Adore!/ Curve-se!", diz. "Nossas veias já não carregam mais sangue – robotizadas – eu nego/ Sem notícias, sem anúncios, sem guerras, sem âncoras nos dizendo mentiras", diz "The Age of Atheist". Os versos também disparam contra a guerra, a Igreja Católica – o mundo de forma geral, visto como decadente e imundo. Matéria-prima adequada para a fúria do som do grupo no novo disco, que marca o reencontro do Sepultura com o americano Ross Robinson, produtor do clássico Roots, de 1996.

"Ele conhece bem a banda. O Roots é um dos trabalhos mais importantes do Sepultura e da carreira dele. Foi uma experiência fantástica", diz Kisser. "Ele deixou o disco com uma sonoridade mais violenta, mais ‘dark’", avalia.

De acordo com Kisser, o estilo do produtor ajudou a banda a realizar a intenção de imprimir no disco a força das performances ao vivo. "No estúdio, sempre há a tendência de se procurar o perfeito. Queríamos ficar mais soltos, deixar a coisa fluir. E o Ross foi fundamental nisso: não usamos metrônomo, não ficamos presos às máquinas, deixamos erros, barulhos que não estavam programados. Isso deixa a coisa mais viva", explica o guitarrista. "Finalmente conseguimos essa sonoridade mais aberta, explosiva, caótica, característica do nosso som."

O novo baterista, Eloy Casagrande, também teria injetado novas energias no grupo.

30 anos

A banda mineira completa 30 anos em 2014, ano em que deve lançar uma série de produtos comemorativos e sair em turnê mundial. Os irmãos Max e Igor Cavalera, fundadores da banda, não devem estar presentes, contudo. Fora do grupo há 17 e há 7 anos, respectivamente, os músicos têm uma relação conflituosa com os antigos companheiros – sobretudo Max. "É muito difícil a comunicação", explica Kisser. "Queremos mostrar o que o Sepultura é hoje."

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