Para viver Judy Garland, Claudia Netto leu, viu e ouviu tudo sobre e produzido pela estrela norte-americana| Foto: Divulgação

A morte, em 11 de fevereiro, da cantora e atriz Whitney Houston, aos 48 anos, e a perda tão precoce de Amy Winehouse, com apenas 27, em 2011, ambas em decorrência, direta ou indireta, do uso abusivo de álcool e drogas, estão frescas na memória de quem acompanha de perto a cena pop. As duas artistas, talentosas, bem-sucedidas e adoradas pelos fãs ao redor do mundo, têm trajetórias que não diferem muito das histórias vividas por outras celebridades no passado. E parecem ter trilhado um caminho muito semelhante ao de Judy Garland, até hoje considerada uma das maiores estrelas já produzidas por Hollywood.

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Personagem central de Judy Garland – O Fim do Arco-íris, espetáculo dirigido por Charles Möeller que estreia hoje, no Guairão, dentro da mostra oficial do Festival de Curitiba, a estrela, vivida pela experiente Claudia Netto, conheceu na própria pele o céu e o inferno do mundo da fama e do show business. A montagem foca nos meses durante os quais aconteceu a derradeira temporada da artista em Londres, onde morreria, em 22 de junho de 1969, de overdose de barbitúricos. Tinha quase 48 anos, a mesma idade de Whitney Houston.

Com problemas de peso desde a adolescência, e muito insegura, Judy foi vítima de uma mãe dominadora e ambiciosa, que nunca mediu esforços para fazer da filha uma estrela, ainda na infância. Hoje se sabe que aos 17 anos, quando estrelou o clássico O Mágico de Oz (1939), de Victor Fleming, a jovem atriz já fazia uso de drogas: anfetaminas, soníferos, antidepressivos, para emagrecer, dormir, manter-se de pé.

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E por mais que fosse uma cantora extraordinária e uma atriz de talento, duas vezes indicada ao Oscar e vencedora de uma estatueta especial em 1940, por seu desempenho em O Mágico de Oz , Judy foi infeliz por boa parte de sua vida. Insegura, brigava com o peso e se achava menos bonita que outras estrelas de sua geração, como Grace Kelly, Lana Turner e Elizabeth Taylor.

Belter

Em entrevista à Gazeta do Povo, Claudia Netto diz que o diretor Charles Möeller, com quem já trabalhou inúmeras vezes, a convidou para viver Judy Garland por conta de seus mais 30 anos de experiência em musicais, mas, também, em decorrência de um detalhe bastante técnico: ela é, como Judy, uma belter, tipo de cantora cuja técnica vocal, utilizada em interpretação de grande teor emocional, produz uma voz mais clara, projetada, em alto volume e notas musicais agudas sem danificar as cordas vocais. Capaz de encarar canções do porte de "Man That Got Away" e "Come Rain or Come Shine".

Sabendo da enorme complexidade da personagem, que lhe exigiria grande empenho tanto como atriz quanto como cantora, Claudia leu, viu e ouviu tudo sobre e produzido por Judy Garland. E foi a Londres assistir à premiada montagem britânica do texto de Peter Quilter (que veio ao Brasil assisti-la), estrelada por Tracie Bennett.

Na montagem brasileira, que estreou em 11 de novembro do ano passado no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro, Claudia contracena com o veterano Francisco Cuoco, que substituiu Gracindo Júnior no papel do pianista Anthony, personagem fictício e homossexual que representa, ao mesmo tempo, o melhor amigo, a imensa base de fãs gays que escolheram Judy como ícone e também a promessa de um amor sincero, capaz de escorá-la e ouvi-la sem julgamentos. Nesse quesito, divide atenções com Mickey Deans (Igor Rickli), último marido da estrela.

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Serviço: Judy Garland – O Fim do Arco-íris. Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Hoje e amanhã, às 21 horas. R$ 50 e R$ 28 (meia-entrada mais taxa). Classificação indicativa: 14 anos.