Criado no fim dos anos 1990, Deadpool era um anti-herói fadado ao esquecimento. Virou um sucesso no cinema graças à empatia de leitores identificados com o mercenário falastrão e que basicamente obrigaram a Fox a fazer um filme que rendeu mais de US$ 750 milhões mundialmente. Boa parte dos personagens listados por Jon Morris no livro ‘The League of Regrettable Super-Heroes’ (“A Liga dos Super-Heróis Lastimáveis”, em tradução livre - sem previsão de lançamento no Brasil) não teve a mesma sorte.
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Para Morris, designer gráfico e cartunista, “o oportunismo impulsionou todas as eras dos quadrinhos – afinal de contas, é um negócio.” As HQs eram parcamente populares um pouco antes da criação do Super-Homem, mas, depois que ele apareceu, se tornaram um fenômeno. Não foi surpresa os quadrinhos terem explodido daquele jeito – as prateleiras estavam sempre cheias de imitadores e editoras que surgiam e desapareciam da noite para o dia.
Quando as pessoas se deram conta, depois da criação de Jerry Siegel e Joe Shuster os portões ficaram escancarados para revistas repletas de personagens prontos para derrotar Adolf Hitler com uniformes coloridos, capas e armas de raios.
Olho moralista
Cada era produziu uma legião de heróis memoráveis e outros tantos fadados ao esquecimento. Seja por conta de suas características, que não caíram no gosto do público, ou porque eram bizarros mesmo a um público que esperava qualquer coisa, como “O Olho”, de 1939, personagem que era literalmente um olho julgando as atitudes das pessoas.
Olho basicamente aparecia na casa das pessoas e julgava se seus atos eram certos ou errados e como elas deviam consertá-las. Imagine quão confortável você ficaria se um Olho aparecesse do nada e lhe dissesse para pegar aquele papel do chão ou sofreria castigos inomináveis?
A Era de Prata funcionou basicamente do mesmo jeito – especialmente depois do sucesso estrondoso do programa televisivo do Batman – e os super-heróis voltaram a gerar dividendos. Todos esperavam a próxima pilha de dinheiro tentando criar o próximo Cruzado de Capa (embora nenhuma editora tenha conseguido fazer isso).
Apesar disso, o mercado sofreu com mudanças sociais - como o Macartismo - e os heróis passaram a ser vistos como má influência e apenas uma moda para as crianças, além do crescimento de revistas de aventuras espaciais e de cowboys.
Entretenimento barato
A única diferença entre a Era Moderna e as que a precederam é que as HQs, até os anos 1980, eram uma forma muito barata de entretenimento. Os editores usavam papel de jornal, um material bem fino para as capas e coloração simples de quatro cores. Os resultados eram revistas baratíssimas e fáceis de guardar.
Depois dos anos 1980, as editoras começaram uma “guerra” para melhorar a qualidade das publicações, desde novos tipos de papel até a impressão. O resultado foi que os novos personagens tinham de ser maiores, mais durões e com visuais mais agressivos para atrair a atenção dos leitores. Também tinham de ser criados prontos para versões de TV e cinema – onde realmente estava o dinheiro em licenças para brinquedos e merchandising.
Culturamente, estas diferentes eras refletem realidades sociais muito diferentes (nos Estados Unidos, ao menos). A Era de Ouro foi totalmente orientada para redefinir os EUA como um lugar onde as autoridades funcionavam depois de uma década de depressão econômica e uma guerra mundial.
Vietnã
A Era de Prata foi resultado do otimismo americano tanto cultural quanto economicamente, mesmo que durante os anos 1970 a sociedade tenha tomado um caminho mais cínico e violento, inspirado pelo crescimento e frustração dos “Baby Boomers” – bebês nascidos depois da Segunda Guerra Mundial – com a situação do país. Uma série que ficou marcada desta época foi Lanterna Verde/ Arqueiro Verde, quando os dois heróis viajaram pelo país para mostrar os problemas de um país dividido com a Guerra do Vietnã, violência nas grandes cidades e até mesmo o consumo desenfreado de drogas – como flagrado pelo Arqueiro com seu ajudante-mirim, Ricardito.
Confira abaixo os piores heróis de todas as eras:
Atoman
CRIADORES: Ken Crossen e Jerry Robinson
ANO DE CRIAÇÃO: 1946
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Atoman #1 (Spark, Fevereiro de 1946)
PODER: Voo, super velocidade e “Força Atômica” – descrita pelo personagem como a “capacidade de devastar cidades”
PONTO FRACO: Sua editora fechou após o segundo número da revista
POR QUE É BIZARRO: Graças a seu treinamento, Atoman, conclui que sua exposição à radiação causou o que ele se refere como “uma explosão atômica...dentro de mim!”.
Bozo – O Homem de Ferro
CRIADORES: George Brenner
ANO DE CRIAÇÃO: 1939
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Smash Comics #1
PODER: Armadura controlada via controle remoto
PONTO FRACO: Controle remoto
POR QUE É BIZARRO: Para parar o robô assassino, a Polícia chama Hugh Hazzard, um combatente do crime que tira o controle remoto das mãos do criador de Bozo e passa a usá-lo para fazer o bem.
Captain Tootsie
CRIADORES: C.C. Beck and Pete Costanza
ANO DE CRIAÇÃO: 1943
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Diversos títulos, em 1943
PODER: Consumir balas para ganhar uma energia repentina e executar qualquer tarefa
PONTO FRACO: falta de balas
POR QUE É BIZARRO: Suas aventuras não apenas o mostravam lutando contra ursos selvagens e bandidos, como também lembravam às crianças para se manter distantes de quinas de mesas e as ensinavam como manusear rifles.
B’wana Beast
(No Brasil, apareceu na série Crise nas Infinitas Terras e em histórias do Homem-Animal na revista DC 2000, em 1989)
CRIADORES: Bob Haney e Mike Sekowsky
ANO DE CRIAÇÃO: 1967
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Showcase #66
PODER: Se comunicar com animais e fundi-los um com os outros
PONTO FRACO: falta de concentração para realizar as fusões
POR QUE É BIZARRO: O personagem foi criado em um cenário inusitado: seu amigo Kenboya está em perigo como comissário de polícia de uma nação em desenvolvimento na África. A tribo está à beira da modernização, assim como muitos países africanos na década de 1960. O papel que um homem branco americano que funde animais poderia ter nesta delicada situação política e cultural ainda é um mistério.
Fantomah
CRIADOR: Fletcher Hanks
ANO DE CRIAÇÃO: 1940
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Jungle Comics #2 (Fiction House)
PODERES: Voar, transformar objetos, levitá-los e fazer com que humanos assumissem outras formas.
PONTO FRACO: Nenhum.
POR QUE É BIZARRO: Não é uma bizarrice e sim uma curiosidade: Fantomah foi a primeira super-heroína das histórias em quadrinhos, tendo sido criada em 1940, um ano antes da Mulher-Maravilha
Funnyman
(publicado no Brasil na revista Biriba Mensal nº 7, em junho de 1950)
CRIADORES: Jerry Siegel e Joe Shuster
ANO DE CRIAÇÃO: 1948
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Funnyman #1 (Magazine Entreprises, janeiro de 1948)
ARMAS: Depois de uma aparição publicitária, o comediante Larry Davis passou a combater o crime com tortas de banana e o virtuoso charuto explosivo da justiça.
PONTO FRACO: Para especialistas, foi criado “na época errada”.
POR QUE É BIZARRO: Foi criado por ninguém menos que a dupla que concebeu o Superman. Funnyman nasceu depois de Jerry Siegel e Joe Shuster deixarem a DC Comics e processarem a empresa em uma disputa sobre os direitos autorais do Superman. Seu antigo editor na DC, Vin Sullivan, comprou os direitos do personagem e editou as primeiras aventuras em sua nova empresa, a Magazine Enterprises.
Dr. Hormone
CRIADORES: Robert Bugg
ANO DE CRIAÇÃO: 1940
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Popular Comics #54 (Dell Comics, agosto de 1940)
ARMAS: Cientista que desenvolveu hormônios capazes de transformar o corpo humano, como recuperar a juventude, transformar pessoas em animais ou até criar seres híbridos.
PONTO FRACO: Nenhum.
POR QUE É BIZARRO: Muitos heróis dependiam de remédios e fórmulas para ter seus poderes. O Besouro Azul original dependia da “Vitamina2X” e o Capitão América, o soro do super-soldado.
Skateman
CRIADORES: Neal Adams
ANO DE CRIAÇÃO: 1983
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Skateman #1
PODERES: Excelentes habilidades físicas e experiência em briga
PONTO FRACO: Após a violenta morte de sua namorada por uma gangue de motoqueiros, o já frágil veterano da guerra do Vietnã Billy Moon leva sua fraca condição psicológica para as ruas trajando patins e uma bandana como máscara.
POR QUE É BIZARRO: Uma das críticas ao personagem feita pelo próprio Morris sugeria que Skateman só poderia lutar contra o crime se “estivesse brigando para não ser preso por questões psiquiátricas”. O uniforme era feito de uma bandana e o herói usava patins dos anos 1980 e nunchakus.
Ravage 2099
(publicado pela Editora Abril na linha Marvel 2099 na década de 1990)
CRIADORES: Stan Lee e Paul Ryan
ANO DE CRIAÇÃO: 1992
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Ravage 2099 #1 (Dezembro de 1992)
PODERES: raios bioenergéticos das mãos; na segunda mutação, força, velocidade, e garras nas mão e nos pés, além de fator de cura.
PONTO FRACO: Nenhum.
POR QUE É BIZARRO: Ravage era um personagem de Stan Lee dos anos 1960, criado nos anos 1990 para o ano 2099. Mesmo no lançamento do universo Marvel 2099, ele era visto como o mais “conservador” - a ponto de usar uma tampa de lata de lixo como equipamento para se proteger de ataques, entre outras reciclagens.
Adam X
CRIADORES: Fabian Nicieza e Tony Daniel
ANO DE CRIAÇÃO: 1993
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: X-Force Annual #2 (Marvel Comics, outubro de 1993)
PODERES: Usa uma espada para cortar seus inimigos e, assim, fazer o sangue deles “ferver”.
PONTO FRACO: Adam foi vítima da desorganização narrativa do escritório dos X-Men nos anos 1990. Ele foi inicialmente concebido pelo escritor Fabian Nicieza para ser o terceiro irmão Summers. Mas a ojeriza ao personagem evitou qualquer desenvolvimento nesse sentido.
POR QUE É BIZARRO: O personagem foi criado numa época em que era preciso ser “extremo” para concorrer com a Image, editora criada por super estrelas que abandonaram a Marvel e que fez sucesso na época com Spawn.
Maggott
CRIADORES: Scott Lobdell e Joe Madureira
ANO DE CRIAÇÃO: 1997
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Uncanny X-Men 345
PODERES: Um sistema digestivo composto de duas lesmas que devoravam qualquer substância e retornavam ao seu abdômen, alimentando-o e lhe dando mais força.
PONTO FRACO: No processo de digestão externa, as próprias larvas devoram o ventre do herói.
POR QUE É BIZARRO: natural da África do Sul, Maggott foi vítima do Apartheid. Pensando que era um fardo para a família, fugiu de casa para morrer e foi encontrado por Magneto, que liberou as lesmas de seu corpo e revelou seu poder mutante.
Gunfire
CRIADORES: Len Wein e Steve Erwin
ANO DE CRIAÇÃO: 1993
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Deathstroke Annual #2 (DC Comics, em outubro de 1993)
PODERES: Vítima de alienígenas parasitas que se alimentavam da medula de humanos, ganhou a habilidade de usar qualquer coisa como uma arma destrutiva – fosse um tijolo, uma xícara de café ou a tampa de uma privada.
PONTO FRACO: Nenhum
POR QUE É BIZARRO: Gunfire morreu logo após ser criado em uma típica luta de super-heróis, na qual o antigo dono dos poderes dele acidentalmente tornou o seu predecessor em uma granada viva, explodindo-o em pedaços.
Pat Parker, enfermeira de guerra
CRIADORA: Jill Elgin
ANO DE CRIAÇÃO: 1941
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Speed Comics #13 (Harvey Comics, em maio de 1941)
PODERES: A capitã Pat Parker é uma enfermeira britânica, mas se torna um super-heroína por tirar seu uniforme branco e revelar um equipamento composto por um calção azul com uma cruz em seu cinto, além de usar uma máscara também com uma cruz vermelha
PONTO FRACO: Em uma época em que as mulheres seguraram o tranco em seus países enquanto os homens - e elas - estavam no front, fica meio estranho valorizar a mulher em combate como um fetiche em movimento.
POR QUE É BIZARRO: “A Enfermeira da Guerra não tem poderes além de seu desejo de ver o eixo esmagados”.
Brain Boy
CRIADORES: Herb Castle e Gil Kane
ANO DE CRIAÇÃO: 1962
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Four Color Comics #1330 (Dell Comics, abril de 1962)
PODERES: Telepatia, levitação e a capacidade de controlar mentes
PONTO FRACO: Nenhum.
POR QUE É BIZARRO: Depois de terminar o colegial, Matt Price é recrutado por outro telepata para trabalhar para uma agência secreta do governo americano lutando contra os comunistas e outros “inimigos da liberdade” que usavam seus próprios agentes telepáticos contra o Ocidente.
Stardust The Super Wizard
(publicado no Brasil pela revista O Guri, pela editora O Cruzeiro)
CRIADORES: Fletcher Hanks
ANO DE CRIAÇÃO: 1939
REVISTA EM QUE APARECEU PELA PRIMEIRA VEZ: Fantastic Comics #1 (Fox Features, em dezembro de 1939)
PODERES: Onipotente, “tem pulmões que o permitem respirar sob qualquer condição, usa raios especiais que o deixam invisível e tem uma pele de metal flexível.
PONTO FRACO: Nenhum.
POR QUE É BIZARRO: Afeito a punições cruéis a vilões, como jogar a cabeça de um mafioso no espaço.
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