O Palhaço faz campanha nos EUA

No início da segunda quinzena de novembro, a produtora Vânia Catani, da Bananeira Filmes, e o diretor Selton Mello embarcam para Los Angeles, para acompanhar de perto a campanha de O Palhaço na corrida ao Oscar de filme estrangeiro de 2013. Lá, terão apoio do norte-americano Steven Raphael, agente que está supervisionando a estratégia que tentará colocar o candidato brasileiro entre os cinco finalistas do prêmio da Academia de Artes e Ciências de Hollywood. A lista sai no dia 10 de janeiro, e a cerimônia de premiação acontece em 24 de fevereiro.

O cinema brasileiro não é estranho a Raphael. Em 2008, ele conseguiu incluir a produção O Ano em Que Meus País Saíram de Férias (2006) entre os nove finalistas à estatueta. Em seu histórico, tem a campanha do mexicano O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro, que venceu três (direção de arte, fotografia e maquiagem) das seis categorias que disputou em 2007, e o projeto de promoção que acabou dando o Oscar de produção em língua não inglesa ao espanhol Mar Adentro (2004), de Alejandro Amenábar.

"A primeira afirmação que o Steven fez sobre O Palhaço, quando ainda estávamos exibindo o filme para as empresas que nos foram indicadas para fazer a campanha, foi que era uma história serena, uma fábula. Ele achou uma delícia ter um filme assim representando o Brasil no Oscar, porque o país estava muito associado a produções que exploravam a miséria e a violência", conta Vânia.

Protagonizado por Mello e Paulo José, O Palhaço fala de um jovem artista de uma trupe circense em crise de identidade. Premiado em quatro categorias no Festival de Paulínia de 2010 (direção, ator coadjuvante, figurino e roteiro) e vencedor de 12 estatuetas no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro deste ano, o filme enfrentará fortes concorrentes na disputa pelo Oscar. A Academia recebeu 71 indicações e, entre elas, estão títulos premiados em grandes festivais internacionais, como o austríaco Amour, de Michael Haneke, Palma de Ouro em Cannes, e fenômenos de bilheteria dentro e fora de seu país de origem, como o francês Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano.

"A nossa vantagem é que a grande maioria dos candidatos estrangeiros não tem distribuidor nos Estados Unidos, como nós. Então, é uma questão de fazer com que O Palhaço se destaque na lista dos 71 indicados, para que os cerca de 150 eleitores da categoria tenham vontade de assistir ao filme na projeção oficial oferecida pela Academia", explica Vânia.

O Ministério da Cultura, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e o Itamaraty estão investindo US$ 200 mil na campanha norte-americana do filme. Já estão agendadas duas projeções especiais para jornalistas e representantes de classe em Los Angeles, nos dias 12 e 30 de novembro. O programa Cinema do Brasil, que promove a produção brasileira no exterior, exibirá o longa de Selton Mello durante o American Film Market, que começa no dia 31 de outubro, em Santa Mônica.