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Vina Lacerda, Marcos Suzano e Caíto Marcondes: trio de ferro do pandeiro | Bárbara Magalhães
Vina Lacerda, Marcos Suzano e Caíto Marcondes: trio de ferro do pandeiro| Foto: Bárbara Magalhães

Há quem diga que ele é o instrumento nacional, tendo em vista sua utilização profícua no samba de todas as épocas. Mas sua simplicidade – o instrumento constitui-se de uma pele esticada em uma pequena armação circular – proporcionou o interesse específico de percussionistas brasileiros, craques no pandeiro. Os cariocas Marcos Suzano e Caíto Marcondes respondem a esse chamado e são os convidados especiais da Pandeirada Brasileira (confira o serviço), evento que ga­­nha o palco do Teatro Paiol amanhã (9) e sábado (10).

A música começou em páginas. Vina Lacerda, percussionista e idealizador do encontro, publicou em 2008 o livro Pandeirada Brasileira, uma espécie de método de estudo para o instrumento. Sucesso esgotado, o livro – que trazia em anexo o disco com algumas composições de Lacerda – foi comercializado em mais de 15 países. Uma nova oportunidade surgiu para que a obra fosse relançada – agora em versão pocket e com DVD didático incluso. Então nada mais conveniente do que chamar alguns dos melhores instrumentistas da cidade para acompanhar os pandeiristas virtuoses nesse diálogo musical.

O time: Glauco Sölter (contra-baixo), Ga­­briel Schwartz (so­­pros), André Prodóssimo (violão), Sérgio Justen (piano), Julião Boêmio (cavaquinho), Fernando Deddos (eufônio) e Daniel Migliavacca (bandolim) se juntam a Suzano – parceiro de Gilberto Gil e Sting – e Marcondes, que tocou com Jaques More­lenba­­um, Tracy Sil­­verman e Mil­­ton Nascimento, além de compor trilhas para teatro e cinema.

"Eles têm o pandeiro presente em seu trabalho-solo. Então, o Suzano entrará com seu vasto repertório e sua ginga própria. Depois, o Caíto surge com suas experimentações e o final reserva uma peça especial, em que os músicos se encontram", conta Lacerda, londrinense de 29 anos.

A música a que faz referência é "Concerto para Dois Pandeiros", do compositor carioca Tim Rescala. Originalmente composta para uma dupla de pandeiristas e orquestra de cordas, a peça foi adaptada para três pandeiros e um quinteto, e será apresentada pela primeira vez em Curitiba.

"A composição apresenta um andamento complexo porque ninguém toca o tempo todo. É difícil, mas estamos ralando muito", diz Suzano, que estreou em Curitiba justamente no Teatro Paiol, acompanhando a cantora Zizi Possi, nos anos 1980.

No repertório também está previsto "Airá", composição de Carlos Negreiros e interpretada por Suzano. Nela, os tambores afro-brasileiros ganham vez. Já Marcondes se sai com "Beira-Rio", bela canção em que utiliza um hang drum, instrumento de percussão delicado, desenvolvido por um casal de suíços no ano 2000. A canção, inclusive, já foi gravada por Mônica Salmaso.

"Acho que, apesar da linguagem um pouco diferente, o diálogo deve funcionar. Na verdade só ensaiamos, mas não vimos o que de fato vai ocorrer no palco. Só sei que vai ser uma mistura bem bacana", aponta Lacerda.

Apesar de reclamar educadamente do frio de Curitiba – a gripe atingiu Suzano assim que ele colocou os pés para fora do avião –, a expectativa também é boa. "Toquei com o Caíto poucas, mas incríveis vezes. Ele tem uma visão muito ampla da música. Acho que a percussão será somente uma maneira de expor nossas ideias", finaliza o músico. Haja olhos e ouvidos para acompanhar essas mãos.

Serviço:

Pandeirada Brasileira – Marcos Suzano, Caíto Marcondes e convidados Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/n.º), (41) 3213-1340. Dias 9 e 10, às 21 horas. R$ 15 e R$ 7,50.

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