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Trailer | Divulgação/RKO Radio Pictures Inc.
Trailer| Foto: Divulgação/RKO Radio Pictures Inc.

Bibliografia

Livros de John Steinbeck disponíveis no Brasil:

• A América e os Americanos (Record, R$ 62)

• A Leste do Éden (Record, R$ 71)

• A Pérola (Record, R$ 22)

• As Vinhas da Ira (Record, R$ 56)

• Boêmios Errantes (Record, R$ 25,90)

• O Inverno da Nossa Desesperança (L&PM, R$ 19,50)

• Ratos e Homens (L&PM, R$ 11)

• Um Diário Russo (Cosac Naify, R$ 89,90)

Sobre o autor:

• John Steinbeck – Uma Biografia, de Jay Parini (Record, R$ 78)

Filmes:

• As Vinhas da Ira (1940), de John Ford e com Henry Fonda

• Vidas Amargas (1955), de Elia Kazan e com James Dean (inspirado no romance A Leste do Éden, que tem uma nova adaptação anunciada para 2009)

• Nove Vidas e Um Barco (1944), de Alfred Hitchcock.

A obra do americano John Steinbeck (1902 – 1968) era exclusividade da Record há pelo menos quatro décadas. Situação que mudou em meados do ano passado, quando a L&PM lançou, dentro de sua coleção de bolso, Ratos e Homens, peça escrita em 1937.

Nos últimos anos, a mesma Record, do Rio de Janeiro, se esmera em reeditar a bibliografia do Nobel de Literatura 1962, respeitando uma mesma identidade gráfica. De Porto Alegre, a L&PM segue dando atenção a Steinbeck e acaba de colocar nas livrarias o clássico O Inverno de Nossa Desesperança, que forma uma espécie de tríade com As Vinhas da Ira (1939) e A Leste do Éden (1952).

As Vinhas da Ira é tido pela maioria como a obra-prima de Steinbeck, jamais igualada. A Leste do Éden, levado ao cinema como Vidas Amargas (a estréia de James Dean), foi reconhecido pelo próprio autor como a sua obra máxima, embora não tenha gerado um impacto grande no público. Publicado em 1961, O Inverno de Nossa Desesperança é um testamento literário – foi o seu último romance e o que botou fim em um período de declínio criativo, segundo o público e a crítica da época.

O título faz referência a um trecho da peça Ricardo III, de Shakespeare, que diz "Este é o inverno de nossa desesperança transformado em verão glorioso pelo sol de York" (na tradução de Ana Ban). No livro de Steinbeck, a frase se refere às agruras experimentadas por Ethan Hawley, sua mulher e seus dois filhos.

Morador de New Bayton (cidadezinha fictícia), na Nova Inglaterra (região não-fictícia que engloba seis estados dos EUA), Ethan sente orgulho de seu nome e de suas raízes. Sua família já foi muito influente e ele chegou a herdar imóveis suficientes para ocupar duas quadras inteiras.

A Depressão nos anos 30 foi tão impiedosa que levou um sem-número de americanos à bancarrota. Pouco a pouco, Ethan foi obrigado a vender os imóveis para poder pagar as contas e sustentar o seu principal negócio: o armazém que herdou do pai.

Quando a história começa, Ethan já aparece como funcionário do mercado que foi seu, mas hoje é propriedade de um imigrante italiano de nome Marullo. O protagonista não se sente confortável na função de balconista. Acredita que tenha se tornado uma desgraça para o clã de que faz parte.

Ainda assim, Ethan é a personificação de inúmeras virtudes prezadas pela família americana. É um marido apaixonado e fiel, um pai presente, divertido e compreensivo. Sua honestidade parece não ter limites e, em tudo o que faz, procura ser o melhor. Além de tratar todos com respeito e jamais dar as costas para os amigos. Ele é, enfim, um homem-modelo.

Em sua obra, Steinbeck procurou sempre discutir questões sociais que considerava relevantes. Em As Vinhas da Ira, por exemplo, retrata o modo como a família Joad lida com a migração forçada e a perda de tudo o que tinham para a série de tempestades de poeira dos anos 30, chamada de Dust Bowl.

Na figura de Ethan Hawley, O Inverno de Nossa Desesperança é uma espécie de passo-a-passo para entender o processo que leva um homem íntegro a se deixar corromper, influenciado pelas pessoas ao seu redor e pelas dificuldades financeiras que o afligem.

À época da publicação, Steinbeck chegou a escrever para amigos afirmando que o livro era um comentário sobre a degeneração moral da cultura americana na década de 1960. Marullo, o dono da mercearia, sugere que ganhar dinheiro não tem nada a ver com ser correto ou íntegro. Pouco depois, o bancário Joey Morphy afirma que dinheiro só é amigo de dinheiro. Essas e outras idéias vão se instalando na alma de Ethan, que começa a se sentir um incompetente e um injustiçado.

A maior crítica que se faz ao romance diz respeito à transformação de Ethan, considerada muito abrupta. Mas mesmo essa suposta rapidez pode ser reveladora, pois mostra que desejar aquilo que não se tem – ou que não se pode ter – é capaz de desestruturar qualquer um.

Serviço: O Inverno da Nossa Desesperança, de John Steinbeck (L&PM, 328 págs., R$ 19,50).

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