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Reginaldo "Rollo" Possetti de Resende começou a escrever ainda criança, quando sentiu inveja de um colega de classe, que era sempre elogiado pela professora por seus textos brilhantes. A partir desse momento, o garoto, aos poucos, se descobriu amante das artes e se envolveu em praticamente todas as suas manifestações.

Ainda adolescente, envolvido no universo de Augusto dos Anjos, Clarice Lispector e Mário Quintana, tinha dificuldade de passar nos vestibulares, porque ao invés de redações formais, não resistia e escrevia poesias. O seu primeiro livro, Racho de Romã, foi lançado em 1988. Em seguida, vieram Homeopoética – Poesias em Cápsulas, de 1990 e Água Mineral, com poemas escritos entre 1990 e 1994.

Alguns de seus poemas foram musicalizados e outros viraram encenações para teatro. Seus textos foram publicados no antigo jornal Nicolau e em antologias como as do concurso Helena Kolody, Grifos e Poemas Fora de Ordem, do Prêmio Caetano Veloso.

Além de poeta, Rollo também era artista plástico, artesão e até cantor de blues. Gostava de realizar rituais, dançar, cozinhar, viajar pelo país de carona e de mochila nas costas, e receber muitos amigos em casa. Com essa turma criou o Baú dos Signos, um grupo que promovia, aos domingos, oficinas poéticas e exercícios criativos.

Se interessava por elementos da natureza, como barro, raízes, troncos e plantas. Dentre as obras que criou, estão as chamadas "falsas ikebanas", pássaros feitos com pétalas de flor.

Rollo morreu vítima da aids com apenas "30 anos e uma semana", como lembra a irmã do artista e também poeta, Stella de Resende. De acordo com ela, Rollo acreditava que a poesia era um instrumento que não se restringia às páginas dos livros, mas que podia ser sentida "com os olhos da alma". "Ele escrevia poesias domésticas e as criava enquanto cozinhava ou andava pela casa. Rollo gostava de celebrar a vida e de valorizar as pequenas coisas", conta.

Museu Casa do Botão

O artista plástico Hélio Lettes também era um de seus amigos e admiradores. Juntos, fundaram o Museu Casa do Botão. "Rollo era capaz de pegar um objeto feio e espinhoso e transformá-lo em algo doce. Ele era de uma sensibilidade sem igual e marcou a vida de muitos", diz Leites.

Para a escritora e jornalista Marília Kubota, integrante do Baú, foi Rollo quem abriu os seus olhos para a poesia. "Para ele, criar poesias não precisava ser uma atividade isolada e solitária. Ele acreditava que a poesia estava na vida e no dia-a-dia", lembra.

A poeta Jane Spenger Bodnar também participava das reuniões promovidas pelo artista e acredita que a sua vida e obra são inseparáveis. "Ele transformava todo dia em poesia e fazia isso como ninguém. Graças a ele, tive coragem de tirar os meus escritos da gaveta", revela.

Além da exposição de trabalhos do artista, que acontece no Espaço Lilituc até o final do mês, Rollo também será homenageado pelos amigos e colegas através de um chá poético que acontece amanhã, a partir das 17 horas.

* Serviço: Rollo – Exposição em Homenagem ao Artista. Espaço Lilituc, anexo ao TUC (Galeria Julio Moreira). Até 31 de agosto. Chá Poético em homenagem a Rollo de Resende.Hoje, às 17 horas. Fundação Sidónio Muralha (R. Des. Westphalen, 1.014).

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