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Nos últimos meses, as exposições fotográficas tomaram conta de Curitiba e o momento é de otimismo entre os artistas paranaenses. A situação pouco tem a ver com coincidência e embora muitas exposições tenham sido abertas durante a semana do Dia do Fotógrafo, a maioria concorda que existem outros motivos para o aumento do interesse.

Para o artista Nego Miranda, que trabalha com fotografia há mais de 30 anos, e que expõe no Museu Oscar Niemayer, esse novo boom acontece em função do grande números de escolas e cursos que abriram nos últimos anos. "A década de 90 foi uma boa época para a fotografia paranaense e acredito que agora exista uma retomada. Mais quantidade conseqüentemente leva a mais qualidade", acredita Miranda.

A fotógrafa Tânia Buchmann, sócia da empresa de fotografia Divinas Criaturas, concorda com o colega. Para ela, o número de exposições também é um sinal de que a imagem está ganhando força não só no Paraná, mas também em outros centros. "As fotografias estão saindo dos porta-retratos e conquistando as paredes de casas, galerias e museus. O Brasil demorou para assumir a fotografia como expressão artística, mas acho que o surgimento da tecnlogia digital e dos cursos profissionalizantes está transformando este perfil", acredita.

A fotógrafa Milla Jung, coordenadora do Núcleo de Estudos de Fotografia do Paraná, acredita que o aumento de interesse pela fotografia é um movimento natural, que tende a aumentar ainda mais. "Estamos vivendo um momento especial, em que a produção fotográfica do estado está em alta. Antigamente, profissionais paranaenses raramente eram convidados para expor em outros estados e hoje em dia vemos trabalhos locais no Rio, em São Paulo, no México e em Paris", afirma Jung, que aposta no talento da nova geração de fotógrafos do estado.

Em cartaz

Cerca de sete exposições fotográficas acontecem, simultaneamente, em museus, galerias e espaços alternativos da cidade, com temas variados e autores de diferentes gerações. A Fundação Cultural de Curitiba está promovendo três delas.

As fotografias do Senegal, expostas no Museu da Fotografia, reúne os trabalhos de fotógrafos africanos, que participam dos Encontros da Fotografia realizados em Bamako. O destaque fica por conta dos trabalhos do repórter fotográfico Aliou Mbaye, que registrou as lutas senegalesas, e da documentarista Fatou Kandé Senghor.

A exposição Fotos de Estúdio – Imagens Construídas, na Casa Romário Martins, é uma viagem ao passado. A mostra apresenta fotografias produzidas pelos primeiros estúdios fotográficos de Curitiba, no final do século 19. As 68 imagens selecionadas para a mostra foram retiradas do acervo histórico da fundação, composto por mais de 300 mil fotos.

Outra exposição promovida pela Fundação Cultural conta a história da Praça Eufrásio Correia, por meio de 37 painéis. A praça foi criada para que o Paraná homenageasse as grandes personalidades do país que contribuíram para o desenvolvimento do estado. A mostra acontece na Casa Erbo Stanzel, no Parque São Lourenço, de terça a domingo.

Curitiba Invisível, de Edson Maboni, apresenta 11 trabalhos em preto-e-branco, que mostram casarios abandonados da região central da cidade. Sem a intenção de fazer crítica ou denúncia, o artista buscou enfocar ângulos inusitados e até mesmo líricos para compor os painéis.

A arquitetura do Paraná também é tema da exposição de Nego Miranda, em cartaz no MON, acompanhada de um livro de mesmo nome, Paraná de Madeira. A obra reúne dezenas de fotos de construções em madeira, como igrejas, residências, centros esportivos e fábricas em diversas cidades do estado. As pesquisas e as fotos levaram quatro anos para ser concluídas, em parceria com a arquiteta Maria Cristina Wolff de Carvalho.

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