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A agenda nacional de shows do segundo semestre deste ano está concorrida. Festivais liderados por bandas do chamado indie rock pipocam aqui e acolá, deixando fãs atônitos e os produtores disputando as atrações a tapa, o que, em parte, explica a demora do Curitiba Rock Festival (CRF) para sair do papel e anunciar suas atrações.

Além da concorrência, uma questão crucial para a realização do festival foi o patrocínio. Sem o apoio da Fundação Cultural de Curitiba, a produtora Paola Wescher teve dificuldades de encontrar quem bancasse seu projeto no mês de maio, época em que aconteceram as duas primeiras edições do evento, em 2003 e 2004. A parceria acabou sendo fechada com a Brasil Telecom, por meio da alcunha Ibest, serviço de internet gratuita, o que levou o evento à mudança de nome (trocou-se o "pop", de Curitiba Pop Festival, pelo "rock").

A disputa por atrações musicais de peso também explica a transferência da data do festival para os dias 24 e 25 de setembro, na Pedreira Paulo Leminski. Após tentativas frustradas de trazer nomes como New Order, Sonic Youth, Supergrass, Strokes e Flaming Lips, a produtora acabou submetendo a data do festival à principal banda do evento: os americanos do Weezer. "Eles já tinham desistido e eu também. A banda está excursionando com o Foo Fighters e conseguiu uma semana de folga em setembro, porque o baterista do grupo de Dave Grohl vai casar. Isso mudou tudo", conta Paola. A banda liderada pelo nerd Rivers Cuomo traz ao CRF o show de seu mais novo álbum, o elogiado Make Believe, em apresentação exclusiva em Curitiba.

Outro grupo que, segundo Paola, está "praticamente" garantido é o Fantômas, projeto experimental de Mike Patton (ex-Faith No More). Formada em 1998 pelo vocalista mais Buzz Osbourne (guitarrista do Mel-vins), Trevor Dunn (baixista do Mr. Bungle) e Dave Lombardo (baterista do Slayer), a banda é conhecida por esquisitices como um álbum inteiro composto por uma só canção de 74 minutos (Delirium Cordia, segundo da discografia composta por quatro álbuns) e pela mistura inusitada de jazz, funk, metal e hardcore.

A produtora confirma que mais dois grupos internacionais estão em negociações para participar do festival. "Como o público do Teenage Fanclub (uma das atrações do evento em 2004) acabou ficando um pouco de lado com essa escalação, estou tentando trazer algo bem mais indie", adianta ela, que tem até o final da próxima semana para completar a lista de bandas do festival.

Entre os brasileiros é fácil apontar os destaques da terceira edição do CRF: a cearense Cidadão Instigado e a paulista Patife Band. A one-man-band de Fernando Catatau fará a primeira apresentação do segundo disco, Cidadão Instigado e o Método Túfo de Experiências, com lançamento previsto para setembro. Poucas cidades tiveram o privilégio, até agora, de presenciar ao vivo o experimentalismo, namorando com jazz e brega, que sai da mente de Catatau. Já a Patife Band, braço roqueiro da vanguarda paulistana, comandada por Paulo Barnabé, fez história na década de 80 com seu punk dodecafônico com pitadas bregas, registrado no álbum clássico Corredor Polonês (1987).

As curitibanas Charme Chulo, Black Maria e Los Diaños levarão à Pedreira lados diferentes da produção local, no meio de gente desconhecida como a cearense Karine Alexandrina e a brasiliense Móveis Coloniais de Acaju.

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