• Carregando...
Walter Bach representa somente 1% dos curitibanos que responderam ler mais de 20 livros por ano | Antônio More/Gazeta do Povo
Walter Bach representa somente 1% dos curitibanos que responderam ler mais de 20 livros por ano| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

54%

É o porcentual de pessoas que dedicam até duas horas semanais para a leitura. 25% destinam até quatro horas para o hábito, e apenas 1% mais de 12 horas semanais.

66%

É a quantidade de entrevis­­­tados homens que disseram não estar lendo nenhuma obra no momento. Entre as mulheres, o índice é de 59%.

  • Livrarias são o lugar preferido para compra

Preferência por livros de não ficção, gosto heterogêneo e pouca diferença no tempo dedicado para a leitura entre as classes sociais foram alguns aspectos descobertos pela pesquisa Hábito de Leitura 2014, realizada pela Brain, Inteligência de Mercado e Estratégia, a pedido da Gazeta do Povo. Mesmo com um alto índice de pessoas que se dizem leitores, 67%, o levantamento apontou que 31% dos entrevistados leem somente dois títulos por ano – média que não destoa dos levantamentos nacionais da Câmara Brasileira do Livro (CBL), que apontam que os brasileiros consomem cerca de quatro livros por ano.

INFOGRÁFICO: Veja o perfil dos leitores no Brasil

Porém, entre os 416 entrevistados, o porcentual que afirmou não estar lendo nenhum livro no momento é alto: 62%. Entre as classes sociais, há equilíbrio, mas a classe C lê mais do que a A.

Na classe A, 32% responderam sim para a pergunta: "você está lendo algum livro no momento?". Na B, 40% e, na C, 37%. Mas a diferença não é significativa, diz o sócio e consultor da Brain, Marcos Kathalian, um dos coordenadores do levantamento. "Não é algo que permita uma análise categórica, pois está dentro da margem de erro. O hábito entre as classes é bem semelhante", destaca.

Quando se fala em quantidade, o porcentual diminui à medida que os títulos aumentam: 18% dos curitibanos leem até quatro livros por ano; 11% até 10, 6%, de 10 a 20; e apenas 1% declararam ler mais de 20 obras por ano, uma média normal para o jornalista, vendedor da livraria Poetria e colunista do site Homo Literatus (homoliteratus.com), Walter Bach. Quando lê menos, dá cabo de quatro obras por mês, paixão que começou no ensino médio, quando leu Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. O tempo de Bach dedicado para ler também é muito maior do que a média, cerca de oito horas na semana, número apontado por 2% dos entrevistados.

O leitor curitibano também é eclético. Quando a pesquisa pediu o nome de três autores, o mais lembrado foi Paulo Coelho (com 9,3%), seguido por Augusto Cury (5,2%) e Machado de Assis (3,6%). Na lista, há ainda autores como o português José Saramago e o moçambicano Mia Couto. O único paranaense citado foi o jornalista Laurentino Gomes, autor dos livros históricos 1808, 1822 e 1889 – Dalton Trevisan, Paulo Leminski ou Cristovão Tezza não foram lembrados.

Compras

No consumo, o leitor curitibano é comedido. 50% costumam adquirir obras literárias em livrarias, mas 28% disseram que não compram nunca. A maneira de se chegar aos livros é por meio de empréstimos com amigos. "Isso é muito interessante, porque mostra que o leitor chegou a uma obra pela indicação, teve uma troca de informações. Mas também aponta que o livro ainda é um bem de consumo caro", analisa Kathalian.

Esse "escambo" é a maneira que a professora aposentada Nadzieja Didycz encontra para ter acesso aos lançamentos. Voluntária de contações de histórias, ela também é participante assídua do programa de incentivo à leitura Conversa entre Amigos, uma espécie de clube do livro. "Lá, fazemos muita amizade e temos essa troca. Eu não compro mais livros pela situação financeira, acho que o poder financeiro das pessoas para consumir ainda é baixo."

Incentivo

Fazer com que o porcentual de leitores cresça passa por vários caminhos . O pesquisador acredita que criar rotina é uma saída. "O número semanal de horas para a leitura é muito baixo (duas horas semanais). Se você pergunta quanto tempo vai para televisão ou internet, sobe para quatro horas diárias. É um hábito que precisa ser enraizado, de ter a disciplina de ler um pouco todos os dias", palpita Kathalian. Para Nadzieja, o trabalho deve começar na infância. "É mais fácil fisgar uma criança do que um adulto, que já é cheio de preconceitos." Já Walter Bach não crê em soluções pontuais, pois o hábito leva tempo, e é subjetivo. "Acredito que é necessário o leitor achar um livro que o cative, que o faça ir além. E isso não tem fórmula pronta. Talvez, o caminho seja investir na leitura como algo lúdico, e não só utilitário", sugere.

Top 5

Saiba quais são os livros mais lembrados pelos curitibanos:

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]