O ano de 2006 não foi lá muito favorável à indústria fonográfica norte-americana. Enquanto as vendas de CDs apresentaram uma queda de 4,9% em relação ao ano anterior foram cerca de 30 milhões de álbuns vendidos a menos do que em 2005 , o crescimento da comercialização de música em formato digital, apesar de positivo, não chegou a satisfazer as expectativas dos que esperavam compensar, com a oferta legal de canções nas lojas on-line, o prejuízo causado pelos cada vez mais comuns downloads clandestinos.
Porém, mesmo diante de tais desanimadores dados, o show deve continuar. Nada melhor, então, do que reconhecer e premiar aqueles que foram capazes de levar os poucos milhões de consumidores de CDs ainda na ativa às lojas de discos que resistem nos Estados Unidos. Prestes a completar 50 anos de existência, o tradicional Grammy Awards realiza sua 49.ª edição hoje à noite, em Los Angeles, com transmissão ao vivo pelo canal pago Sony Entertainment Television, a partir das 23 horas.
Destaque nesse diferente cenário atual da música, a cantora de r&b Mary J. Blige aparece como a mais indicada da noite, concorrendo em oito categorias com seu oitavo disco de estúdio, The Breakthrough. Entre elas, melhor álbum e canção do ano ("Be without You"). Os veteranos californianos do Red Hot Chili Peppers vêm logo atrás, disputando com Blige o gramofone dourado de melhor álbum (com o duplo Stadium Arcadium), além de outras cinco categorias.
Único brasileiro a concorrer um uma das 108 categorias do Grammy neste ano, o pianista e compositor niteroiense Sergio Mendes, 65 anos, colhe os louros de sua parceria com o produtor e integrante do The Black Eyed Peas, Will.i.am, responsável pelo álbum Timeless, que reúne estrelas do naipe de Stevie Wonder, Erikah Badu e Justin Timberlake. Mendes concorre com duas canções na categoria de melhor performance urbana/alternativa "That Heat" e a clássica "Mas Que Nada" (de Jorge Ben Jor), regravada 40 anos após seu lançamento ao lado do grupo de Will.i.am.
E, quando o assunto é reconhecimento da obra, o Grammy, apesar de muitas vezes atrasado, sempre reserva um espaço para tentar correr atrás do tempo perdido e premiar gente que, em vida, nunca recebeu uma estatueta. Este ano, entre os homenageados da categoria Lifetime Achievement (algo como prêmio pelo conjunto da carreira) estão a diva da ópera Maria Callas, o pioneiro do jazz Ornette Coleman, a cantora e compositora de folk Joan Baez (que também apresenta um dos prêmios) e as lendárias bandas The Doors e Greateful Dead.
Mas o ponto alto da noite fica mesmo por conta da reunião do trio britânico Sting, Stewart Copeland e Andy Summer, que reativam o The Police para uma participação mais do que especial na cerimônia de premiação, interpretando um de seus maiores hits, "Roxanne". Vencedor de cinco Grammys, o grupo liderado por Sting encerrou atividades em 1983 e seus integrantes seguiram separadmente em carreiras-solo. A última ocasião em que a banda se apresentou ao vivo foi em 2003, quando foi incluída no Hall da Fama do Rock and Roll. Desde então, rumores dão conta de uma provável volta do trio para uma turnê mundial, boatos esses reforçados com a aceitação do convite para a apresentação na cerimônia do Grammy e pelo aniversário de 30 anos da formação, completados neste ano.
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