Nas palavras de Luiz Gonzaga, durante uma apresentação da década de 1980 na TV Cultura, o grupo pernambucano Quinteto Violado, que completou 40 anos de atividades interruptas no ano passado, era "sustança", "tutano do corredor do boi", e também "Padim Cícero", "Frei Damião" e "Lampião". A tradução do Rei do Baião para o quinteto, uma das bandas mais importantes na disseminação da cultura popular nordestina em roupagem moderna na música brasileira, está em uma das imagens recuperadas que poderão ser vistas a partir de hoje, às 19 horas, na exposição Um Imaginário Nordestino que estará aberta de terça a domingo, das 10 horas até às 19 horas, no hall do Teatro Guaíra, até o dia 26 de fevereiro.
Além de vídeos de entrevistas e depoimentos de artistas, como Gonzagão e Lenine, a mostra também reúne fotografias, projeções, estações multimídias e outras plataformas. Uma delas é a linha do tempo, que mostra, em imagens e textos, a trajetória do grupo desde o seu início, no contexto pós-bossa nova e Tropicália, em que a proposta dos músicos de universalizar a música regional por meio de uma linguagem sofisticada e, ao mesmo tempo pop, conquistou a crítica e artistas como Gilberto Gil, importantes para impulsioná-los no resto do país.
"Ao invés de tocarmos voltados para o Nordeste, tocamos voltados para o mundo", diz Marcelo Melo, violonista, violeiro e vocalista do quinteto. Além dos gêneros ligados ao forró, o grupo gravou ritmos como cavalo-marinho, maracatu, ciranda, caboclinho e frevo, entre outros. "Revelamos com o trabalho a beleza contida nas expressões musicais da região, que ainda eram muito desconhecidas, porque a indústria cultural sempre foi muito voltada para o eixo Rio-SP", diz.
Shows
Do dia 23 ao dia 26, o quinteto faz uma temporada de pocket shows no Guairinha com a difícil tarefa de compor um repertório representativo das quatro décadas de uma carreira prolífica. "Tentamos fazer uma síntese do que havia de mais significativo na carreira", diz Melo, único integrante remanescente da formação original.
A obra de Luiz Gonzaga, principal propulsora da carreira do quinteto, também foi incluída. "Ele foi responsável por definir a sonoridade do Quinteto Violado. Foi na leitura da obra dele que o grupo foi tão bem recebido", diz Melo, referindo-se à famosa versão do grupo para "Asa Branca", que está no disco de estreia do grupo, de 1972.
Na exposição, também serão lançados um DVD comemorativo aos 40 anos e o livro Lá Vêm Os Violados, do jornalista José Teles.
Serviço:
Um Imaginário Nordestino. Hall do Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Abertura dia 9, às 19 horas, com entrada franca. De terça a dom., das 10h às 19h. Até dia 26 de fevereiro.
Pocket shows Quinteto Violado. Guairinha (R. XV de Novembro, 971), (41) 3322-2628. Dias 23, 24, 25 e 26, às 19h. A entrada para a exposição e para os shows é gratuita.
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